Vendo as imagens do turista alemão tendo alta do hospital, após ter sido baleado por um bandido na Favela da Rocinha no Rio de Janeiro, pude perceber que vivemos em nosso país uma distorção das responsabilidades e uma anarquia total dos deveres das autoridades eleitas para com o cidadão. Atrevo-me a dizer que experimentamos uma verdadeira política institucionalizada de violência do Estado conta seu povo.
Muito longe de cumprirem suas funções constitucionais de velarem pelo bem-estar da população e protegerem aqueles que mais necessitam contra a sanha dos poderosos e os pequenos percalços do dia a dia; as autoridades brasileiras (e em especial as do Rio de Janeiro) parecem terem optado pelo genocídio legal e sistemático dos mais carentes e estendem o manto protetor do Estado apenas aos que podem pagar ou representam algum bônus político ou eleitoral para si próprios.
Voltando ao turista alemão; percebemos claramente isso ao vê-lo sorridente e escoltado por uma enorme gama de autoridades com sorrisos largos e gestos amistosos em sua entrevista. Nada contra a recuperação do rapaz, na verdade até fico feliz com isso.
O grande problema é olhar para “a outra ponta da corda” e perceber as inúmeras mortes de cidadãos comuns dia após dia nos hospitais sucateados e recheados de profissionais mal pagos e, muitas vezes, criminosamente mal intencionados ao atenderem um “Zé das Couves” qualquer como nós.
Quantas mortes por causas banais ou facilmente evitáveis não ocorrem todos os dias nesses hospitais ou nas enormes e humilhantes filas de atendimento em suas portas?
Recentemente um morador da minha rua passou mal com convulsões e ficou desacordado. Ao ser acionada, a ambulância do SAMU levou mais de uma hora para chegar a uma rua que se localiza no centro de um bairro que não possui favelas e é considerado um dos dez mais valorizados da capital carioca.
Mas, infelizmente para quem mora aqui, se localiza na Zona Norte e num subúrbio da cidade.
Exatamente o mesmo se da com a polícia. Acionada para deter atos de vandalismo praticados por ocupantes, aparentemente drogados, de um veículo cuja placa e modelo foram passados ao atendente do 190; a viatura encarregada de cumprir o atendimento levou mais de 40 minutos para apresentar-se.
O resultado óbvio é que os meliantes já haviam se evadido e nada restou aos policiais fazer se não continuar em sua preguiçosa missão de engana-trouxa. Isso sem contar os inúmeros chamados feitos para a central de polícia que jamais se convertem em presença policial, sendo solenemente ignorados pelos responsáveis pela suposta proteção ao cidadão.
Se a mesma coisa acontece na Zona Sul ou em outras áreas turísticas da cidade, várias ambulâncias ou viaturas policiais se atropelam para atender o turista ferido ou o cidadão de primeira linha atingido pela desgraça do momento. Maior prova disso foi o ocorrido durante o incêndio na casa do atual secretário estadual de saúde, Sérgio Cortes.
Ferido no incêndio, a ambulância do SAMU lhe prestou rápido atendimento e o carregou diretamente para um hospital particular. Se um cidadão comum se vir na mesma situação, mesmo que implore, será levado para um dos pardieiros superlotados que eles chamam de hospitais. Lá chegando terá sorte se for atendido em algumas horas ou senão morrer pelo descaso da equipe ou de infecção pela sujeira e abandono das boas práticas hospitalares.
Numa cidade que gasta mais de um bilhão de reais na reforma de um mero estádio de futebol e mais alguns bilhões em obras de embelezamento, meramente cosméticas e em grande parte desnecessárias, de quem será a responsabilidade pela morte de milhões e pela opção pelo atendimento “VIP” aos turistas e a “cidadãos de primeira classe”?
E você, o que pensa disso?
12 de junho de 2013
arthurius maximus
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