Os socialistas descobriram um filão político que vai se firmando como uma ferramenta a ser usada para se manterem no poder indefinidamente na América latina. O regime que inventaram, via Foro de São Paulo, e com base nas recomendações de Antônio Gramsci, não é, num exame mais superficial, a ditadura tão sonhada por eles, ou seja, soviética, ou maoísta, ou ainda o socialismo hitlerista ou o fascismo de Mussolini, mas também não é, tampouco, uma democracia plena.
É, na verdade, um modelo de autoritarismo competitivo, com base no populismo demagógico exercitado sistematicamente junto às camadas menos escolarizadas da população e mais fragilizadas pela pobreza acentuada e, mesmo, pela miséria.
Daí resulta um regime irracional, mas que serve para enriquecer a pequena burguesia que o comanda e que se permeia em instituições republicanas que se hipertrofiam como metástases de células cancerosas, que consomem as energias orgânicas e tende a levar o organismo do estado à morte. Trata-se, na prática, de uma ditadura disfarçada de legalidade pelo aspecto aparentemente democrático das “eleições”.
Os professores universitários estadunidenses Steven Levitsky e Lucan Way publicaram em 2010 um livro que trata desse tema, e analisa o surgimento de novos regimes que concentram o poder na mão do executivo e cerceiam o poder legislativo e judiciário, de tal maneira que não existe o equilíbrio entre eles, mas esses dois últimos passam a ser subservientes ao primeiro.
O protótipo desse tipo de regime é o montado pelo falecido Hugo Chávez Frías na Venezuela. Outros países da região seguiram seus passos, como a Argentina, com seu indisfarçável glamour pelo socialismo nazifascista do peronismo, bem como a Bolívia do índio cocaleiro Evo Morales, com seu socialismo ‘rastafári’ que não dispensa os lucros com o narcotráfico, e de outras republiquetas da área.
Seus executivos violam sistematicamente os princípios democráticos mais básicos, com a cooperação subserviente dos “poderes” legislativo e judiciário, mas adquirem ‘legitimidade’ através da realização de eleições que, levadas a cabo em condições tão desiguais e eivadas de todo o tipo de fraude eleitoral promovida pela máquina estatal, que torna altamente improvável que a oposição possa vencer.
Isso ficou mais do que explícito na recente vitória de Maduro na Venezuela sobre o oposicionista Capriles, por uma margem ridiculamente mínima, mas que o executivo não apenas impediu que houvesse uma auditoria da eleição como ameaçou com prisão o derrotado oposicionista por levantar dúvidas quanto à legitimidade do resultado.
No Brasil, os caminhos são mais sutis, mas seguem a mesma receita, mais gramsciana do que cubano-chavezista. A intervenção do executivo para cooptar o legislativo é feita através de práticas como a do “mensalão” e similares, por uma intensa atividade corruptora do executivo sobre os legisladores que, por isso mesmo, vivem nababescamente como membros de uma espécie de casta que ganha mais que a maioria dos empresários e executivos de transnacionais. Podemos dizer que, no Brasil, temos hoje uma “ditadura meia-boca”, disfarçada em “democracia boca-e-meia”...
Outra frente, no Brasil, é o controle do judiciário, onde os ministros togados são escolhidos pelo executivo, com a finalidade de servir disciplinadamente a ele perante a Justiça, que continua “cega” para esses absurdos institucionais.
Finalmente, a derradeira frente é a que literalmente “compra” os votos dos mais pobres mediante a distribuição de dinheiro, verdadeiras merrecas, mas que são suficientes para que, longe do trabalho, seus ‘beneficiários’ consigam muitas vezes sair da miséria absoluta para uma pobreza irresponsável que o próprio governo estupidamente estimula a se endividar, criando assim uma “bomba-relógio” social que fatalmente em breve irá explodir.
São seus inimigos, a quem chama de “direita” – como ser direito fosse o errado – os que querem maior e melhor escolaridade para o eleitor, os que exigem uma pré-qualificação para os que postulam cargos eletivos e de confiança, os que clamam para que o governo se limite a cumprir seus deveres constitucionais e promovam serviços públicos de boa qualidade para o povo, combata efetivamente os cartéis, oligopólios e monopólios, mormente os estatais, iniba os conluios corruptos público-privados, principalmente os estabelecidos para lavagem de dinheiro, e trate de edificar uma Força Armada nacional equipada e profissional o suficiente para exibir um bom poder de dissuasão para eventuais inimigos externos e, principalmente, para os inimigos internos.
Agindo como agem, e ao arrepio da lei, os esquerdopatas constroem esse tipo de “ditadura democratóide”, eivada de casuísmos e autoritarismo, lançando mão do que pior existe na sociedade, afastando da política e das instituições republicanas a participação do cidadão de bem, competente, probo, e qualificado, como se fossem entraves para que possam fazer o que fazem do país. Execram o significado da palavra ‘elite’ como se ela ao invés de significar o que de melhor existe na sociedade nacional, significasse exatamente o que eles são, ou seja, a escória, o pior que existe em termos humanos para dirigir o país.
Poucos países estão conseguindo se manter de fora desse esquema degenerativo social, dessa espécie de ditadura competitiva disfarçada, como acontece com o Chile, a Colômbia, e o Paraguai, apenas para citar sul-americanos. O Brasil, pelo tamanho da sua economia, já deveria estar fora dessa dança imoral e destrutiva há muito tempo, mas não é isso o que se vê. O que se vê é a cooptação financeira da grande mídia, a cooptação corruptora do legislativo, a coopção funcional e ideológica do judiciário e a cooptação do eleitorado pela distribuição indiscriminada de esmolas sem qualquer contrapartida.
O resultado é que os agravos começam a se avolumar e de tal forma, que as múltiplas bombas relógios criadas, consciente ou inconscientemente, pelos socialistas poderão começar a explodir em sequência nos seus traseiros.
13 de agosto de 2013
Francisco Vianna é Articulista.
Francisco Vianna é Articulista.
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