As manifestações das ruas, que tiveram todo fôlego em julho, estão na tocaia. Pelo menos por enquanto. Recebidas com surpresa e aprovação pela sociedade (exceto pelos atos de vandalismo e violência), admitidas como a marca da indignação com os desmandos dos governos e com os equívocos das prioridades atendidas pelas decisões e pelo orçamento público, os tumultos de julho acenderam os avisos de que eram necessárias mudanças de rumo que levassem mais atenção, projetos e recursos a antigas demandas sociais, cujo não atendimento vem ampliando, com história, nossas diferenças e desigualdades.
Não bastou o Brasil ser alçado à condição de sexta maior economia do mundo tendo em oposição o quadro de misérias que assistimos. Temos um dos piores sistemas de educação pública do mundo, comparável a países da África.
Temos um programa de saúde que se funda prioritariamente na contratação e distribuição cartográfica de médicos, sem provê-los de recursos adequados e eficientes. Entrega-se ao médico, quase nu, a responsabilidade de levar a saúde onde ela não está por falta de saneamento básico, de alimento, de cidadania, sobretudo.
O festival de bolsas, produzido na esmolaria do governo federal, que deveria ser um programa que gerasse compromissos de seus beneficiados, mostra-se cada vez mais incapaz de promover transformações. Virou meio de vida para a maioria dos que o recebem.
O crédito, distribuído fartamente pelo sistema financeiro, garantido por instrumentos leoninos firmados entre bancos e seus tomadores, certamente vai estourar. Não vão socorrê-lo sua vinculação às folhas de pagamentos dos servidores públicos e aposentados, a alienação dos bens dos quais incentivaram a propriedade e o consumo a uma significativa parcela da sociedade.
Quando ficar impossível a liquidação desses créditos e a opção for pagá-los ou comer, ou morar, ou vestir, podemos esperar por novas manifestações.
FORA DO CARDÁPIO
Os grupos que levaram às ruas seu inconformismo com a corrupção, com o desvio do dinheiro, com o enriquecimento ilícito e com os privilégios de políticos não estão atendidos nem satisfeitos. No meio das manifestações ainda voaram os jatos da FAB, conduzindo convidados de casamentos à Bahia, a Alagoas, e torcedores aos jogos da seleção.
Helicópteros já foram o meio preferido da família do governador do Rio para ir à praia. Foram, não são mais. Diminuíram-se as decolagens mas seguem os jatos voando sem justificativa, com equipamentos, pilotos e combustível pagos com os recursos do erário.
Tem que diminuir. Já foram retirados do cardápio alguns privilégios de parlamentares e é público o desejo de que a composição do Senado seja feita sem suplentes, que o são porque pagaram campanhas ou negociaram seus apoios. Deputados condenados à cadeia deverão perder seus mandatos pela impossibilidade de se conciliar o fato de serem excelência de dia e, à noite, simples detentos.
Juízes, desembargadores e ministros do Judiciário julgados como corruptos deverão perder o benefício da aposentadoria com vencimentos integrais. Um bom motivo para manifestações seria a demissão de assessores parlamentares em excesso nas câmaras municipais de todo país, nas assembleias estaduais e no Congresso Nacional.
O recado foi dado e continua latente no sentimento da sociedade. Cabe aos governos e aos políticos entender o que pedem as ruas e as redes sociais.
(transcrito de O Tempo)
Temos um programa de saúde que se funda prioritariamente na contratação e distribuição cartográfica de médicos, sem provê-los de recursos adequados e eficientes. Entrega-se ao médico, quase nu, a responsabilidade de levar a saúde onde ela não está por falta de saneamento básico, de alimento, de cidadania, sobretudo.
O festival de bolsas, produzido na esmolaria do governo federal, que deveria ser um programa que gerasse compromissos de seus beneficiados, mostra-se cada vez mais incapaz de promover transformações. Virou meio de vida para a maioria dos que o recebem.
O crédito, distribuído fartamente pelo sistema financeiro, garantido por instrumentos leoninos firmados entre bancos e seus tomadores, certamente vai estourar. Não vão socorrê-lo sua vinculação às folhas de pagamentos dos servidores públicos e aposentados, a alienação dos bens dos quais incentivaram a propriedade e o consumo a uma significativa parcela da sociedade.
Quando ficar impossível a liquidação desses créditos e a opção for pagá-los ou comer, ou morar, ou vestir, podemos esperar por novas manifestações.
FORA DO CARDÁPIO
Os grupos que levaram às ruas seu inconformismo com a corrupção, com o desvio do dinheiro, com o enriquecimento ilícito e com os privilégios de políticos não estão atendidos nem satisfeitos. No meio das manifestações ainda voaram os jatos da FAB, conduzindo convidados de casamentos à Bahia, a Alagoas, e torcedores aos jogos da seleção.
Helicópteros já foram o meio preferido da família do governador do Rio para ir à praia. Foram, não são mais. Diminuíram-se as decolagens mas seguem os jatos voando sem justificativa, com equipamentos, pilotos e combustível pagos com os recursos do erário.
Tem que diminuir. Já foram retirados do cardápio alguns privilégios de parlamentares e é público o desejo de que a composição do Senado seja feita sem suplentes, que o são porque pagaram campanhas ou negociaram seus apoios. Deputados condenados à cadeia deverão perder seus mandatos pela impossibilidade de se conciliar o fato de serem excelência de dia e, à noite, simples detentos.
Juízes, desembargadores e ministros do Judiciário julgados como corruptos deverão perder o benefício da aposentadoria com vencimentos integrais. Um bom motivo para manifestações seria a demissão de assessores parlamentares em excesso nas câmaras municipais de todo país, nas assembleias estaduais e no Congresso Nacional.
O recado foi dado e continua latente no sentimento da sociedade. Cabe aos governos e aos políticos entender o que pedem as ruas e as redes sociais.
(transcrito de O Tempo)
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