Barreira contra Cristina Kirchner. Sociedade argentina deu mostra de que desaprova rumo autoritário de Cristina Kirchner e sua aproximação aos métodos políticos do chavismo
O kirchnerismo sofreu domingo sua maior derrota eleitoral. Os candidatos da Frente para a Vitória, sublegenda do peronismo criada por Néstor Kirchner e chefiada pela presidente Cristina, foram derrotados nos principais distritos eleitorais da Argentina: província de Buenos Aires e capital (que reúnem 38% dos 28,6 milhões de eleitores do país), Santa Fé, Mendoza, Córdoba e até em Santa Cruz, terra natal de Kirchner. Disputaram-se as eleições primárias, que definirão as listas de candidatos às eleições legislativas de 27 de outubro.
As primárias são uma espécie de prévia do que deverá acontecer em outubro. Para muitos analistas, os pálidos resultados do kirchnerismo põem por terra o plano do cristinismo de obter maioria de dois terços no Congresso para fazer aprovar uma emenda constitucional que permita uma nova reeleição da presidente. Todavia, para se ter certeza disto, há que se esperar dois meses e meio.
Essas eleições produziram outro importante resultado: a vitória de um dissidente do cristinismo, Sergio Massa, na província de Buenos Aires, sobre o candidato da Casa Rosada, Martín Insaurralde, na postulação de uma cadeira de deputado federal em outubro. Massa, prefeito da cidade de Tigre, perto de Buenos Aires, já é apontado como provável candidato à presidência da República. Peronista, ele foi chefe de Gabinete da presidente até 40 dias antes das primárias, quando se afastou para criar a Frente Renovadora.
As primárias confirmaram a queda vertiginosa de popularidade de Cristina em meio ao descontentamento com a elevada inflação, fruto dos descaminhos na economia, deterioração dos serviços públicos, escândalos de corrupção e enfraquecimento das instituições em face do autoritarismo presidencial de inspiração chavista. A presidente tem hoje 30% de apoio (e 59% de desaprovação), abaixo das legislativas de 2009, quando também foi derrotada, e 24 pontos percentuais menos de quando foi reeleita, em outubro de 2011, com 54% dos votos.
Concorre para isso o crescente isolamento da Casa Rosada, que, sob Cristina, radicalizou a política de governar por confronto, confiando apenas num reduzido grupo de assessores, ministros e ativistas políticos, entre eles seu próprio filho, Maximo, criador da organização da juventude kirchnerista, La Câmpora.
Sobretudo, nas primárias de domingo, a sociedade argentina deu uma importante demonstração de vigor e de desaprovação da política kirchnerista, que leva o país a uma situação desconfortável, de atrelamento ao autoritarismo chavista, de desmonte das instituições democráticas e de crescente isolamento global. Os políticos argentinos devem prestar a devida atenção ao recado das primárias, para não perder a oportunidade de dar novos rumos à nação a partir de outubro.
13 de agosto de 2013
Editorial de O Globo
As primárias são uma espécie de prévia do que deverá acontecer em outubro. Para muitos analistas, os pálidos resultados do kirchnerismo põem por terra o plano do cristinismo de obter maioria de dois terços no Congresso para fazer aprovar uma emenda constitucional que permita uma nova reeleição da presidente. Todavia, para se ter certeza disto, há que se esperar dois meses e meio.
Essas eleições produziram outro importante resultado: a vitória de um dissidente do cristinismo, Sergio Massa, na província de Buenos Aires, sobre o candidato da Casa Rosada, Martín Insaurralde, na postulação de uma cadeira de deputado federal em outubro. Massa, prefeito da cidade de Tigre, perto de Buenos Aires, já é apontado como provável candidato à presidência da República. Peronista, ele foi chefe de Gabinete da presidente até 40 dias antes das primárias, quando se afastou para criar a Frente Renovadora.
As primárias confirmaram a queda vertiginosa de popularidade de Cristina em meio ao descontentamento com a elevada inflação, fruto dos descaminhos na economia, deterioração dos serviços públicos, escândalos de corrupção e enfraquecimento das instituições em face do autoritarismo presidencial de inspiração chavista. A presidente tem hoje 30% de apoio (e 59% de desaprovação), abaixo das legislativas de 2009, quando também foi derrotada, e 24 pontos percentuais menos de quando foi reeleita, em outubro de 2011, com 54% dos votos.
Concorre para isso o crescente isolamento da Casa Rosada, que, sob Cristina, radicalizou a política de governar por confronto, confiando apenas num reduzido grupo de assessores, ministros e ativistas políticos, entre eles seu próprio filho, Maximo, criador da organização da juventude kirchnerista, La Câmpora.
Sobretudo, nas primárias de domingo, a sociedade argentina deu uma importante demonstração de vigor e de desaprovação da política kirchnerista, que leva o país a uma situação desconfortável, de atrelamento ao autoritarismo chavista, de desmonte das instituições democráticas e de crescente isolamento global. Os políticos argentinos devem prestar a devida atenção ao recado das primárias, para não perder a oportunidade de dar novos rumos à nação a partir de outubro.
13 de agosto de 2013
Editorial de O Globo
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