A Folha de São Paulo publicou na edição de terça-feira 24 que, através de seus advogados Luciano Feldens e Antonio Carlos de Almeida Castro, o publicitário Duda Mendonça requereu ao Supremo Tribunal Federal que, na sua defesa como réu do Mensalão, possa exibir na Corte um sistema audiovisual Power Point. O requerimento foi dirigido ao ministro Joaquim Barbosa, relator do processo, que o endereçou ao presidente do STF.
Na minha opinião, dificilmente o ministro Ayres Britto atenderá ao pedido, uma vez que a forma, num tribunal, não pode desfocar o conteúdo concreto da matéria. Duda Mendonça tem como sócia em sua empresa Zilmar Fernandes que também assinou a petição. O caso é que Duda Mendonça, como todos os jornais publicaram em 2005, compareceu espontaneamente à CPI dos Correios e ofereceu seu depoimento ao relator da Comissão de Inquérito, deputado Osmar Serraglio. Este ao longo da narrativa pediu atenção a Duda Mendonça para o que estava praticando: autoconfissão.
Mas Duda Mendonça foi em frente. Revelou ter recebido 10 milhões de dólares por seu trabalho técnico na campanha vitoriosa de Lula em 2002. Só que acrescentou ter sido a importância depositada num paraíso fiscal. Assim escapou do Imposto de Renda e se envolveu numa operação fraudulenta de evasão de divisas.
Este é o conteúdo do fato em relação a ele. A forma de defesa é outro assunto. Mas não pode evidentemente se basear num show de tecnologia. O Supremo não é estúdio de televisão ou cenário cinematográfico. Não é um palco para um espetáculo de cores e efeitos especiais. O que isso tem a ver com a questão em si? Nada.
Mas, se aceito o pedido, pode contribuir para desviar a atenção do julgamento, não só de Duda Mendonça e Zilmar Fernandes, e também dos demais 36 acusados. Que razões poderá a defesa acrescentar aos autos através das telas e luzes? O problema não é de forma e sim de conteúdo. O meio – tenho sustentado – nem sempre é a mensagem.
O pensador McLuhan, final da década de 50, equivocou-se neste ponto. Ele, claro, deu grande impulso ao processo mundial de comunicação e à observação da história. Neste aspecto, magnificamente, ele a dividiu entre a era do relato e a do registro. A do relato vai até a Galáxia Gutemberg, inventor da imprensa. A do registro sucede o lançamento em série da primeira Bíblia impressa e a circulação dos primeiros jornais tipografados.
Pode-se acentuar ainda, a favor de Marshall McLuhan, o início do processo de democratização da informação e da opinião. Pois que era reservado aos leitores de livros estendeu-se com os jornais às diversas camadas da população. Tudo perfeito, a contribuição universal do professor é enorme. Ele percebeu e traduziu detalhes essenciais que os jornalistas não teriam descoberto sem ele. Mas ISS não quer dizer que tenha acertado todos os pensamentos.
O meio é a mensagem quando o conteúdo transportado é forte, importante, lógico, de interesse coletivo. Não substitui a mensagem quando, ao contrário, o conteúdo é fraco. Essa diferença ficou visível no início da década de 60, quando artistas como Frederico Fellini e Michelangelo Antonioni, pautaram suas obras na incomunicação. Na dificuldade do diálogo, do entendimento, da falta de convergência pelo corte de frases e palavras. Nem sempre o meio é a mensagem.
No caso do julgamento do Mensalão, nada a ver. Uma coisa nada tem com a outra.
Na minha opinião, dificilmente o ministro Ayres Britto atenderá ao pedido, uma vez que a forma, num tribunal, não pode desfocar o conteúdo concreto da matéria. Duda Mendonça tem como sócia em sua empresa Zilmar Fernandes que também assinou a petição. O caso é que Duda Mendonça, como todos os jornais publicaram em 2005, compareceu espontaneamente à CPI dos Correios e ofereceu seu depoimento ao relator da Comissão de Inquérito, deputado Osmar Serraglio. Este ao longo da narrativa pediu atenção a Duda Mendonça para o que estava praticando: autoconfissão.
Mas Duda Mendonça foi em frente. Revelou ter recebido 10 milhões de dólares por seu trabalho técnico na campanha vitoriosa de Lula em 2002. Só que acrescentou ter sido a importância depositada num paraíso fiscal. Assim escapou do Imposto de Renda e se envolveu numa operação fraudulenta de evasão de divisas.
Este é o conteúdo do fato em relação a ele. A forma de defesa é outro assunto. Mas não pode evidentemente se basear num show de tecnologia. O Supremo não é estúdio de televisão ou cenário cinematográfico. Não é um palco para um espetáculo de cores e efeitos especiais. O que isso tem a ver com a questão em si? Nada.
Mas, se aceito o pedido, pode contribuir para desviar a atenção do julgamento, não só de Duda Mendonça e Zilmar Fernandes, e também dos demais 36 acusados. Que razões poderá a defesa acrescentar aos autos através das telas e luzes? O problema não é de forma e sim de conteúdo. O meio – tenho sustentado – nem sempre é a mensagem.
O pensador McLuhan, final da década de 50, equivocou-se neste ponto. Ele, claro, deu grande impulso ao processo mundial de comunicação e à observação da história. Neste aspecto, magnificamente, ele a dividiu entre a era do relato e a do registro. A do relato vai até a Galáxia Gutemberg, inventor da imprensa. A do registro sucede o lançamento em série da primeira Bíblia impressa e a circulação dos primeiros jornais tipografados.
Pode-se acentuar ainda, a favor de Marshall McLuhan, o início do processo de democratização da informação e da opinião. Pois que era reservado aos leitores de livros estendeu-se com os jornais às diversas camadas da população. Tudo perfeito, a contribuição universal do professor é enorme. Ele percebeu e traduziu detalhes essenciais que os jornalistas não teriam descoberto sem ele. Mas ISS não quer dizer que tenha acertado todos os pensamentos.
O meio é a mensagem quando o conteúdo transportado é forte, importante, lógico, de interesse coletivo. Não substitui a mensagem quando, ao contrário, o conteúdo é fraco. Essa diferença ficou visível no início da década de 60, quando artistas como Frederico Fellini e Michelangelo Antonioni, pautaram suas obras na incomunicação. Na dificuldade do diálogo, do entendimento, da falta de convergência pelo corte de frases e palavras. Nem sempre o meio é a mensagem.
No caso do julgamento do Mensalão, nada a ver. Uma coisa nada tem com a outra.
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