O PT viveu ontem o dia mais complexo de todos os
que virão na fase de alegações dos advogados dos réus do mensalão. Pelo púlpito
do Supremo Tribunal Federal passaram os advogados de três petistas que ajudaram
a construir a história do partido e a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva em
2002, tendo integrado o chamado núcleo duro petista há quase 10 anos. Dois
deles, José Dirceu e José Genoíno, são quadros históricos do partido criado em
São Bernardo do Campo, em 1980. O terceiro, o ex-tesoureiro Delúbio Soares,
tinha tanto poder que recebeu a missão de encontrar caminhos para quitar as
dívidas do PT na campanha presidencial de 2002.
Segundo interlocutores ouvidos pelo Correio, foi um
dia complexo para o petismo. Ver, ao vivo, três caciques tendo que se defender
perante os 11 ministros do STF, não foi fácil. "É o momento do PT,
oficialmente, dar a sua resposta para os fatos", disse o vice-presidente
da CPI do Cachoeira, deputado Paulo Teixeira. "Esse episódio faz parte da
nossa história e nós teríamos que enfrentá-lo de qualquer jeito, em algum
momento", completou Teixeira.
O presidente nacional do PT, deputado estadual Rui
Falcão (SP), fez questão de manter sua agenda inalterada ao longo do dia de
ontem. Reuniu-se com prefeitos petistas e candidatos do partido às eleições
municipais de outubro. Aliados de Falcão declararam que ele não pretende
pronunciar-se novamente sobre o mensalão. Tudo o que teria de ser dito, de
acordo com interlocutores, foi postado no vídeo divulgado há 10 dias, no qual
afirmou que "não houve mensalão, os empréstimos foram regulares, sem
recursos públicos e nenhum dos petistas apontados na denúncia enriqueceu".
Presidente da CPI dos Correios, o senador Delcídio
Amaral (PT-MS) permanece submerso. Depois de postar no Twitter que manteria
"um silêncio ensurdecedor", avocou para si a proteção de São Jorge,
citando uma conhecida música de Jorge Benjor. "Salve Jorge, para que meus
inimigos tenham pés e não me alcancem". Já o ex-líder do PT na Câmara
Cândido Vaccarezza (SP) afirma que a "população já absolveu o PT"
comparando as eleições disputadas pelo partido após o estouro do escândalo do
mensalão.
"Esse episódio faz parte da nossa história e
nós teríamos que enfrentá-lo de qualquer jeito, em algum momento" (Paulo Teixeira (PT-SP), deputado federal)
Correio Braziliense (DF) - 07/08/2012
PAULO DE TARSO LYRA
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