Entre 1292 e 1294 ocorreu um vazio de poder no Vaticano, logo após a morte de Celestino IV. Disputas internas prejudicavam a escolha de um novo Papa. Dois grupos mediam forças para a definição de quem seria o novo pontífice. Finalmente descobriu-se a saída para o imbróglio: Pietro Angeleri um eremita, filho de pais camponeses pobres, beneditino e radicalmente espiritualista e asceta foi eleito Papa, mesmo contra sua vontade. Sabia, de antemão, que não teria estatura para o cargo. Pressionado, aceitou receber a incumbência. Adotou o nome de Celestino V, em homenagem àquele que sucedia.
Nunca havia estado em Roma durante toda a vida. Era um pastor de ovelhas e não tinha o menor traquejo para as coisas mundanas da igreja de Pedro. Alheio à política e submisso ao poder temporal, Celestino V não se ajustou ao novo cargo e renunciou com a seguinte frase: “é impossível ser Papa e cristão ao mesmo tempo”.
Celestino não foi o primeiro nem o único pontífice a renunciar. Antes e depois dele ocorreram outras renúncias pelos mais diversos motivos, mas sempre com indícios de politicagem rasteira de grupos que, desde sempre, controlam o poder na Cúria romana. Vaticanistas não se mostraram surpresos com a renúncia de Bento de XVI. Admitem que já havia um acordo entre os cardeais de que a idade avançada de Ratzinger e seu precário estado de saúde, mais cedo ou mais tarde, o levariam à renúncia. Esteve metido em polêmicas quando ocupava o cargo de Prefeito da Congregação para a Doutrina Fé, ex-tribunal da Inquisição.
Foi um inimigo dos teólogos da libertação, doutrina muito difundida, principalmente, na América Latina. Ideologicamente conservador, defensor exaltado do dogmatismo da doutrina católica, extremamente preparado, brilhante no campo intelectual, Bento XVI nunca se descuidou de manter um diálogo filosófico em suas encíclicas, ora com Nietzsche, ora com Kant, e até mesmo com Marx.
Não tinha o carisma de João Paulo II – a quem assessorou por muitos anos – tampouco o controle rígido da burocracia da Santa Sé como Paulo VI, mas tratou de temas espinhosos do submundo da igreja católica, como os casos de pedofilia. Paolo Gabriele, o mordomo que divulgou documentos pessoais e secretos do Papa, foi o responsável pela maior decepção que Bento XVI sofreu nos seus anos de papado.
Embora acredite-se que o mordomo não seja o único culpado pela subtração dos documentos que colocaram Bento XVI numa batina justa. Para nós, homens comuns e falíveis, talvez a renúncia do Santo Padre seja uma simples troca de comando da igreja. Não é o que dizem jornalistas que cobrem o Vaticano, que, para a maioria deles, existe muito mais coisas subalternas que motivaram a renúncia do Papa, em que pesem a saúde debilitada e a idade avançada.
Afirmam que Bento XVI deixou o papado com o propósito de pacificar dois grupos de cardeais que se digladiam. Como é de se esperar, a politicagem já tomou conta do Vaticano, com defensores de um e outro papáveis. Pode ser um negro. Aí destaca-se o nigeriano Francis Arinze. Caso prevaleça um italiano, a escolha alcançaria o arcebispo de Milão, Dom Ângelo Scola. As casas de apostas colocam um brasileiro como papável, o arcebispo de São Paulo Dom Odilo Pedro Scherer. Seria o candidato latino-americano mais forte, isso se a Santa Fé optasse por um nome sem muitas implicações políticas e regionais.
Celestino não foi o primeiro nem o único pontífice a renunciar. Antes e depois dele ocorreram outras renúncias pelos mais diversos motivos, mas sempre com indícios de politicagem rasteira de grupos que, desde sempre, controlam o poder na Cúria romana. Vaticanistas não se mostraram surpresos com a renúncia de Bento de XVI. Admitem que já havia um acordo entre os cardeais de que a idade avançada de Ratzinger e seu precário estado de saúde, mais cedo ou mais tarde, o levariam à renúncia. Esteve metido em polêmicas quando ocupava o cargo de Prefeito da Congregação para a Doutrina Fé, ex-tribunal da Inquisição.
Foi um inimigo dos teólogos da libertação, doutrina muito difundida, principalmente, na América Latina. Ideologicamente conservador, defensor exaltado do dogmatismo da doutrina católica, extremamente preparado, brilhante no campo intelectual, Bento XVI nunca se descuidou de manter um diálogo filosófico em suas encíclicas, ora com Nietzsche, ora com Kant, e até mesmo com Marx.
Não tinha o carisma de João Paulo II – a quem assessorou por muitos anos – tampouco o controle rígido da burocracia da Santa Sé como Paulo VI, mas tratou de temas espinhosos do submundo da igreja católica, como os casos de pedofilia. Paolo Gabriele, o mordomo que divulgou documentos pessoais e secretos do Papa, foi o responsável pela maior decepção que Bento XVI sofreu nos seus anos de papado.
Embora acredite-se que o mordomo não seja o único culpado pela subtração dos documentos que colocaram Bento XVI numa batina justa. Para nós, homens comuns e falíveis, talvez a renúncia do Santo Padre seja uma simples troca de comando da igreja. Não é o que dizem jornalistas que cobrem o Vaticano, que, para a maioria deles, existe muito mais coisas subalternas que motivaram a renúncia do Papa, em que pesem a saúde debilitada e a idade avançada.
Afirmam que Bento XVI deixou o papado com o propósito de pacificar dois grupos de cardeais que se digladiam. Como é de se esperar, a politicagem já tomou conta do Vaticano, com defensores de um e outro papáveis. Pode ser um negro. Aí destaca-se o nigeriano Francis Arinze. Caso prevaleça um italiano, a escolha alcançaria o arcebispo de Milão, Dom Ângelo Scola. As casas de apostas colocam um brasileiro como papável, o arcebispo de São Paulo Dom Odilo Pedro Scherer. Seria o candidato latino-americano mais forte, isso se a Santa Fé optasse por um nome sem muitas implicações políticas e regionais.
15 de fevereiro de 2013
Nilson Borges filho é mestre, doutor e pós-doutor em Direito.
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