"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

PT E PMDB TENTAM CONVENCER DILMA A PROMOVER REFORMA MINISTERIAL MAIS AMPLA

Principais partidos da base querem ocupar mais espaços no lugar do PSB
 
Já pensando numa eventual saída do PSB da base governista e disposta a reforçar o palanque de 2014, a presidente Dilma Rousseff começou a afunilar as conversas para fechar a reforma ministerial. De volta mais cedo de seu recesso em Miami, o vice-presidente Michel Temer conversou nesta quinta-feira com Dilma, no Palácio da Alvorada, e deve se reunir com líderes do partido no início da próxima semana.

O nome de Gabriel Chalita (PMDB-SP), que a presidente gostaria de compensar pelo apoio a Fernando Haddad, em São Paulo, perdeu força para ocupar o Ministério de Ciência e Tecnologia. A prioridade, pelo menos agora, é atender a bancada de Minas Gerais, que cobra compensação pela renúncia de Leonardo Quintão (PMDB-MG) em favor de Patrus Ananias (PT), na disputa pela prefeitura de Belo Horizonte.

Além de Ciência e Tecnologia, pode haver mudanças na pasta da Agricultura, indicação pessoal de Dilma. Vai depender dos exames que o ministro Mendes Ribeiro fará na próxima semana para ver a evolução do tratamento de câncer. Já a bancada federal do PMDB quer, para contemplar a nova correlação de forças no Congresso, um ministério que tenha retorno em votos: as pastas da Cidades, hoje com o PP, e dos Transportes são os alvos.

Mas os peemedebistas ressaltam que não se trata de chantagem:

— Não é pressão ou chantagem. A bancada tem consciência de que isso quem decide é a presidente. Mas quer o reconhecimento de sua importância. Ter o vice-presidente é importante, simboliza que o PMDB é sócio do governo. Mas, além do governo, quer também o poder. Quem fatura efetivamente é o PT, porque tem a presidente. Se anuncia a redução da energia, quem fatura é o PT — diz o deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA).

Como o PSB já trabalha o projeto de Eduardo Campos para 2014, setores do PT, encabeçados por Lula, e peemedebistas tentam convencer Dilma a fazer uma reforma ministerial mais ampla. Ela ainda resiste em desalojar o PSB da Esplanada, porque precisa do partido no Congresso para aprovar projetos importantes.

— A presidente deve levar isso em consideração lá na frente. Não digo tirar os ministérios do PSB, mas reforçar os partidos que podem cobrir o buraco que fatalmente será deixado pelo PSB na eleição de 2014 — avalia Lúcio Vieira Lima.

Hora de avaliar pedidos de PDT e PR

A preocupação agora é resolver as reclamações do PDT e do PR, para evitar que se aliem a Eduardo Campos. No PDT, o problema é tirar Brizola Neto do Ministério do Trabalho, uma indicação pessoal de Dilma, contra a vontade do partido. Há duas semanas, Dilma se reuniu com o ex-ministro Alfredo Nascimento (PR-AM) e o líder na Câmara, Anthony Garotinho. Teria prometido desistir de indicar o senador Blairo Maggi (MT) para os Transportes, já que o partido não o apoia.

— Achamos que Dilma vai acabar não dando nada para o PR. Enquanto isso, Eduardo Campos já está conversando com os que foram jogados fora — contou nesta quinta-feira um interlocutor de Alfredo Nascimento.

A presidente tem que arranjar também uma saída para oficializar o ingresso do PSD na base aliada, com a ida de Gilberto Kassab ou da senadora Kátia Abreu para um ministério. Mas o partido está dividido sobre apoiar oficialmente o governo.

— A minha posição é que, pelo tratamento que recebemos do PT aqui no Acre, é impossível uma aliança formal — diz o líder do PSD no Senado, Sérgio Petecão (AC).

15 de fevereiro de 2013
Maria Lima - O Globo

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