"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

O CARNAVAL ACABOU, OS MASCARADOS CONTINUAM.

 * Marta Suplicy e Mercadante se hostilizam por causa de Chalita. * Tombini não sai, e Mantega?


Na Primeira República (República Velha) não havia sucessão, embora supostamente houvesse eleição. Só que os candidatos eram escolhidos antecipadamente, e nunca houve decepção dos caciques, os indicados eram referendados. A única vez que “não valeu o que estava escrito”, foi em 1930.


Tudo depende de Lula

O presidente Washington Luiz “marcou” o governador de São Paulo Julio Prestes como novo presidente, não deu certo. Ele foi declarado vencedor, não tomou posse.
Em 3 de outubro veio a Revolução (?) de 30, com a posse de Vargas como chefe do governo provisório. Alguns dias depois Washington Luiz era asilado, só voltaria em 1945, com a derrubada da ditadura.

Agora, 83 anos passados, há uma aparência mais visível de representatividade, mas é apenas aparência. E como na Primeira República, o espetáculo começa e se encerra em São Paulo, por causa da grande população e do número enorme de cidadãos, obrigados a votarem. Mas sem preocupação com quem escolhem.

MERCADANTE E DONA MARTA, DE SÃO PAULO

Mercadante, que esperava ser a “Dilma” do Lula e até com mais capital, amargou 8 anos de ostracismo, os 8 anos de senador. Ressuscitado como Ministro, porque Dona Dilma não acerta uma, mas tem bom coração. O mesmo não acontece com Lula, humilhou vastamente o companheiro. Acabou por nomeá-lo líder do governo, sem a menor importância.

Um dia, cansado, desprezado, ridicularizado e por pressão da família (o que ele tem de melhor), pediu demissão. E colocou a palavra IRREVOGÁVEL. Lula não aceitou, afirmou:
“Quem diz quando é IRREVOGÁVEL sou eu”, obrigou Mercadante a se desdizer e continuar no cargo. Lógico, não sobrou nada para ele, em 2010, eleitoralmente.

A trajetória pensada por Mercadante (por ser paulista): senador em 2002, Ministro da Fazenda no mesmo dia da posse, governador em 2006, presidente da República em 2010. Dona Dilma não existia no mapa eleitoral e territorial de Mercadante, foi “inventada” no lugar que Mercadante considerava reservado.Antes e acima dele, só Lula.

DONA MARTA NUM PROJETO QUASE IGUAL

Dona Marta começou ligeiramente antes de Mercadante. Em 2000 foi prefeita, venceu num acidente de percurso, ele senador em 2002, eleito, desperdiçou os 8 anos. Ela ganhou o cargo que tem o terceiro orçamento da República, não ficou mais deslumbrada, impossível.

“Prefeiturou” diante do espelho (“Espelho meu, existe algum futuro mais retumbante do que o meu?”), tentou a reeleição em 2004, derrotadíssima. Insistiu em 2008, lutou pelo apoio de Maluf, nem assim conseguiu a vitória.
Em 2010 tentou o Senado, apenas uma vaga, a outra seria de Aloizio Nunes Ferreira. Não tinha muita chance, surgiu o fato inédito: os dois favoritos para a outra vaga, Quércia e Tuma, morreram na campanha.

MERCADANTE-CHALITA-DONA MARTA

Agora que os dois pretendem o cargo de governador, Lula lançou Gabriel Chalita, que teve boa atuação como prefeitável. Isso é uma hipótese que atinge Mercadante e Marta de forma diferente. Mercadante: se Chalita for Ministro da Ciência e Tecnologia, se fortalece para governador. Então torpedeia seu nome na “comunidade”. Aparentemente está obtendo sucesso.

Reação de Dona Marta: apoia Chalita para Ministro, considera que, nomeado em março de 2013 (agora) terá que deixar o cargo em março de 2014, apenas 1 ano. E a campanha? Na sexta-feira de carnaval, no Sambódromo de São Paulo, desfilava (ela não anda, desfila) abraçada com Chalita. Queria mostrar seu apoio a ele e hostilidade a Mercadante.

A IMPORTÂNCIA DE SÃO PAULO

Dependem do humor e da vontade de Lula. Este sabe que, se eleger governador um dos dois, terá problema em 2018, embora a idade deles não ajude. Se for eleito, Chalita tentará a reeleição para governador, será muito cedo para presidente.
Além do mais, sendo do PMDB, tem o partido como adversário. O PMDB quer as mordomias e os destaques, não quer a responsabilidade de exercê-lo.
São Paulo tem tal precedência que o “poste” Haddad ainda não começou a “prefeiturar” e já é citado como presidenciável. Naturalmente para 2022.

2014 e 2018 são datas reservadas para Dilma e Lula, não necessariamente nessa ordem. Em 2014, certo, um dos dois. Dependendo do malabarismo de Lula e da passividade de Dona Dilma, 2018 pode estar também reservado. Aí depende do tempo, está muito distante.

Falei no tempo, mas pode ser um contratempo. De maneira alguma, para 2014 a fórmula Dilma-Lula não corre perigo. Não defendo essa fórmula ou qualquer outra, mas tem muita coisa acontecendo, ou para acontecer. É preciso mostrar.

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PS – E ainda existem os fatores econômicos e financeiros complicadores. Dona Dilma espera, eufórica, a próxima pesquisa. A última (quanto tempo) mostrou Lula e Dilma avaliados quase juntos.

PS2 – Dona Dilma tem certeza (informe ou informação?) que virá com vantagem enorme sobre Lula, o que não será detestável ou desprezível.

PS3 – Quem ficará até o fim do governo? O presidente do Banco Central ou o Ministro da Fazenda? Assim como está, quem vai perdendo pontos e credibilidade é a própria Dilma. E logicamente o país, quase parando, sem investimento e crescimento.

PS4 – E duas realidades ameaçadoras? A inflação em alta acelerada, o “pibão-grandão” se transformando visivelmente em novo “pibinho”. Milagre não vale.
15 de fevereiro de 2013
Helio Fernandes

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