De quem é o petróleo?, por Sandro Vaia
Tudo o que a Petrobrás podia fazer de errado, fez. Usada como massa de manobra política nos governos anteriores do PT, paga agora o preço que a presidente Maria das Graças Foster tem que carregar nas costas.
A empresa ícone do patriotismo condoreiro, perdeu seis posições no ranking das maiores companhias petrolíferas do mundo.
A sua produção caiu 2,6%, seus lucros caíram 36%, seu Ebitda caiu 14% e seu endividamento aumentou de forma a ameaçar o seu rebaixamento no rating das agências de risco.
E 2013, como disse com estarrecedora franqueza a presidente Foster, também não promete ser um bom ano, principalmente o primeiro semestre.
Os motivos são muito simples: a empresa, durante os dois governos Lula, não foi administrada como uma empresa que tem que apostar na eficiência e dar retorno aos seus acionistas, mas como instrumento ideológico.
Seus erros mais evidentes:
* A política de segurar os preços artificialmente para não impactar na inflação.
* A política de construção de refinarias em sociedade com o governo chavista da Venezuela, que simplesmente não colocou um centavo na refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, cujas obras estão com um atraso de 3 anos.
* A política de só usar materiais fabricados no Brasil sem levar em conta preço, qualidade e eficiência. E “sem eficiência não há petróleo”, como disse o presidente da norueguesa Statoil, Helge Lunde, numa esclarecedora entrevista à revista Veja desta semana. Ele disse que os fabricantes noruegueses também receberam um “empurrãozinho”do Estado, mas dentro de um marco regulatório rigoroso que impunha prazos e metas bem definidas.
* A mudança do sistema de concessão para o sistema de partilha na regulamentação da exploração do pré-sal, que obriga a Petrobrás a ser a operadora única e a participar com no mínimo 30% do capital em qualquer área explorada. Isso a força a investir um dinheiro que ela não tem ou a aumentar o seu nível de endividamento, que já é está no limite. O primeiro leilão do pré-sal está marcado para novembro deste ano e não se sabe se até lá o governo manterá as regras em vigor, que tem espantado eventuais empresas interessadas.
Esse panorama cinzento da Petrobrás é fruto da manipulação política das gestões anteriores e Maria das Graças Foster, no seu discurso de posse, deixou isso bastante claro, ainda que depois tenha sido obrigada a fazer alguns salameleques diplomáticos para livrar a cara de José Sérgio Gabrielli, o presidente anterior e atual secretario do governo petista da Bahia.
O Brasil espera que em algum momento o petróleo volte a ser nosso.
15 de fevereiro de 2013
Sandro Vaia é jornalista. Foi repórter, redator e editor do Jornal da Tarde, diretor de Redação da revista Afinal, diretor de Informação da Agência Estado e diretor de Redação de “O Estado de S.Paulo”. É autor do livro “A Ilha Roubada”, (editora Barcarolla) sobre a blogueira cubana Yoani Sanchez
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