Recorrem a uma espécie de udenismo do século 21 para explicar o incêndio criminoso e “descobrem” que apenas 11% dos municípios brasileiros têm seções do Corpo de Bombeiros. Nem a sede da prefeitura do Rio escapou ao surto de ordem pública.
O “Piranhão”, como é popularmente conhecido o prédio onde o sempre sorridente Eduardo Paes dá expediente, não possui alvará nem foi vistoriado pelos Bombeiros nos últimos anos.
O alcaide carioca, entretanto, está vigilante. Após o incêndio no Sul, prontamente elevou a multa para os locais públicos que funcionam ilegalmente.
O festival de sem-vergonhice que assola o País manteve-se no Planalto mesmo durante o luto nacional pelos jovens assassinados no Rio Grande do Sul.
De olho na “governabilidade”, Dilma bancou dois conhecidos vestais na chefia do Congresso.
Nem se importou de um deles, Renan, apoiado pública ou explicitamente inclusive pelo PSDB e demais partidos de oposição, ser um reincidente que já deveria ter perdido a primariedade após ter sido flagrado agindo na presidência do Senado anos atrás.
Ali e na Câmara, espertamente o governo plantou vices do PT e torce para que a onda moralista atinja seus aliados. Assim, durante o incêndio das instituições, o Partido dos Trabalhadores seria chamado a assumir a presidência do Congresso e resgatar a moralidade da qual os petistas sempre querem nos convencer de que possuem o monopólio.
PAPEL ÚTIL
Nesse ambiente, a esquerda parlamentar cumpriu um papel muito útil. O PSOL lançou candidatura própria e conseguiu dar vernizes de legitimidade ao vestal Henrique Alves. Marcou posição à moda estudantil e angariou substantivos 11 votos.
É o caso de perguntar: não precisamos de movimentos dedicados a fazer política exclusivamente na sociedade para mudar valores e alcançar mudanças objetivas?
Se a política parlamentar convencional é o que é, por que não buscar chamar a atenção para a necessidade de controle social da economia, onde o jogo é realmente jogado?
2013 ainda tem muito a oferecer em termos de desfaçatez. Por exemplo, a Copa se aproxima e a gangue da FIFA volta a cobrar o andamento (será que só o andamento?) das obras nos estádios.
Finge-se de morta diante das sucessivas denúncias (na imprensa estrangeira) de que seus dirigentes são verdadeiros renans e henriques alves do futebol internacional…
Alegrem-se, pois: o ano está só começando e ainda teremos muitas oportunidades de exercitar nosso moralismo de ocasião.
(artigo enviado por Mário Assis)
15 de fevereiro de 2013
Carlos Tautz (Instituto Mais Democracia – Transparência)
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