Foram distribuídos ao consumo de forma criminosa. Crime hediondo, pela forma e pelo atentado à saúde humana. Informa o ministro da Agricultura, Antonio Andrade, que outros 600 mil litros que haviam passado pelo mesmo processo de industrialização foram recolhidos a tempo. Mas a sensação de insegurança permanece.
Ela, ao contrário de diminuir, aumenta até. Porque à insegurança nas ruas e nas praças acrescenta-se agora a da origem dos produtos consumidos pela população. Mais difícil inclusive de reprimir porque praticada em recintos fechados por pessoas insensíveis aos males que podem causar e estar causando. A prisão dos responsáveis é uma consequê3ncia. Não evitou o crime terrível. Mas deve servir de exemplo para que episódios iguaisa ou semelhantes não se repitam.
Antigamente sabia-se da colocação de água no leite para fraudar os consumidores. A versão ganhou tanta repercussão através do tempo que a comercialização do produto viu-se obrigada a mudar a forma da embalagem para impedir violações fáceis de ocorrer pela adição de água – vejam só – para que distribuidores aumentassem seus lucros inescrupulosamente. Mas nada supera a colocação de formol e ureia como aconteceu no Rio Grande do Sul. Formol, inclusive, uma substância capaz de causar câncer. Em que mundo vivem os adulteradores de um dos símbolos mais fortes da alimentação humana: o leite das crianças, o pão nosso de cada dia, expressão usada um cultos religiosos inclusive.
INSPEÇÃO FEDERAL
Acentua a reportagem que o Ministério da Alimentação e Produção Agrícola (este o seu nome atual) está recolhendo amostras de 90 laticínios que se encontram sob inspeção federal. Vão ser analisadas pelo Laboratório Nacional Agropecuário, seção do Rio Grande do Sul. Tem que haver um controle rigoroso, vidas humanas estão sob risco. Sete acusados da adulteração venenosa ainda se encontram presos. Duas suspeitas prestaram depoimento e foram liberadas. A operação policial tomou nome de leite compensado. Compensado para o pior sentido. O do crime. Ocorreu quando o produto industrializado foi ser transportado para locais de consumo.
A reportagem de O Globo cita uma relação de fraudes anteriores no setor de alimentos, entre elas a ocorrida em 2007, Minas Gerais, com três marcas do leite longa vida. Mas quantos acontecem porque a busca do lucro ilícito é contaminadora, tanto quanto a contaminação que provoca. Nenhuma, entretanto, tão grave e agressiva quanto a adição de formol e ureia ao leite distribuído em cidades do Rio Grande do Sul, que pode ter se estendido a municípios de Santa Catarina e Paraná. Esperemos que não.
Da mesma forma que não ocorram repetições e que a fiscalização e o controle não se restrinjam às etapas de industrialização e refrigeração, mas, como os fatos comprovam, também no transporte. Porque, infelizmente, ações criminosas podem ser praticadas em todos os estágios que antecedem a comercialização. Sem controle, o consumidor está em risco. A insegurança cresce, passando das ruas para as mesas.
14 de maio de 2013
Pedro do Coutto
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