"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sexta-feira, 12 de julho de 2013

DIZE-ME COM QUE ANDAS E TE DIREI QUEM ÉS...

Lula reata com Eduardo Campos para evitar PMDB chantagear Dilma, com candidatura do governador


O PMDB está rebelado contra Dilma. Sinaliza o tempo todo que pode abandonar o palanque da reeleição. Acena nas entrelinhas que apoiaria o governador Eduardo Campos na eventualidade de sua candidatura se firmar. Diante da queda de Dilma nas pesquisas e as manifestações populares, Lula entrou em cena, chamando o governador para o seu lado, seduzindo-o sem nada prometer, mas com muito a ofertar. Nessa briga de cachorro grande Eduardo vai continuar aceitando a corte dos dois lados, até onde e quando for possível.
Foto: Divulgação
Eduardo ao lado de Dilma e Lula na eleição de 2013.
 
O Palácio do Planalto e o ex-presidente Lula, numa avaliação realista, sobre o cenário político de 2014, constatam que está cada vez mais dificil a presença do PMDB no palanque da reeleição da presidente Dilma Rousseff.

Segundo o jornalista político, Gerson Camarotti, interlocutores de Dilma já admitem que o PMDB começou a debandada em busca de outra alternativa eleitoral. E que o vice, Michel Temer, não tem o poder de segurar o desembarque do partido. Isso fica claro na nova postura que o PMDB adotou no Congresso Nacional, principalmente na Câmara. Como o Planalto, o PT também considera improvável a permanência do PMDB na base governista. Um ministro petista, em situação de anonimato disse ao jornalista: "os peemedebistas trabalham para desestabilizar o governo Dilma. Diante disso, a constatação pragmática é que será preciso encontrar novos aliados preferenciais para o próximo ano".

Pelo painel montado há de se perguntar, qual a outra provável alternativa eleitoral atrairia a debandada do PMDB ? qual o "novo" aliado seria conveniente para a candidatura de Dilma no momento? A resposta é uma só, Eduardo Campos. Ou melhor, o lançamento definitivo, ou a retirada da candidatura de Eduardo Campos a presidência da republica, em 2014. Dependendo do gosto do freguês.

No tabuleiro do xadrez político, o PMDB ameaça Dilma com Eduardo Campos e Lula se reaproxima do governador de Pernambuco, para reduzir o poder de fogo dos peemedebistas.

As manifestações populares e a queda da popularidade de Dilma, aceleraram o processo. Consta que no último dia 20 de junho, quando recrudesceu a violência dos manifestações pelo país, o ex-presidente Lula telefonou para o governador de Pernambuco, para colher dele uma avaliação e informações sobre os protestos. Lula e Eduardo não se falavam cortesmente desde as eleições municipais, quando o pernambucano rompeu com o PT e derrotou o candidato de Lula, o senador Humberto Costa, em Recife, no primeiro turno.

Apesar do momento nacional tenso, o ex-presidente teria aproveitado para parabenizar Eduardo, que será pai pela quinta vez e pediu ao governador que passasse o telefone a esposa, Renata Campos, a quem queria cumprimentar. Nesse clima descontraído Lula convidou Eduardo Campos a lhe fazer uma visita no seu apartamento em São Bernardo do Campo.

Segundo a Veja a conversa aconteceu poucos dias depois do telefonema. "Temos de ajudar o Brasil, essa crise é ruim para todo mundo. Nenhum político está imune ao que está acontecendo nas ruas", disse Lula ao pedir que o convidado não rompesse com o governo de Dilma Rousseff nesse momento de turbulência.

O jornalista Otávio Cabral da Veja, diz que os dois asseguraram a interlocutores que nada falaram sobre a sucessão presidencial. Mas lulistas são unânimes em afirmar que Eduardo é o vice dos sonhos do ex-presidente em uma eventual tentativa de voltar ao Planalto em 2014. E que o presidenciável do PSB abriria mão da candidatura caso fosse esse o desejo de Lula.

Há visivelmente, porém, mais coisas acontecendo no Reino da Dinamarca, que apenas especulações. Mesmo antes de todos esses eventos, ficou evidente que Eduardo Campos, em algum momento pôs o pé no freio da sua candidatura, no mesmo instante que o PT, que começava a atacar o governador, tomado como um adversário a ser combatido, também arrefeceu a ira e hibernou a fúria.

Em política prática nunca se pode fechar as portas para uma possível aliança com adversários, nem se pode ser tão comprometido que não se possa romper com aliados. Dentro desse clima, Eduardo e Lula sabem que há muitas variáveis em jogo, que tudo pode mudar num segundo, as manifestações inesperadas estão aí para provar isso.

Assim, o tom e a continuidade dessas conversas vai depender do desempenho de Dilma nas pesquisas, do comportamento da economia, do povo nas ruas, do tamanho do afastamento do PMDB e do desempenho de Eduardo nas pesquisas eleitorais, etc. e tal.

No momento a candidatura de Eduardo Campos está em viés de alta. Mas, o mercado futuro vê com precaução e prudência a continuidade desse crescimento no próximo ano. O povo e o imponderável vão escrever os próximos capítulos.

12 de julho de 2013
Veja

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