"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quarta-feira, 14 de agosto de 2013

CARTEL E MENSALÃO NA PAUTA DO DIA

Penso que o Brasil nunca mais será o mesmo depois das mobilizações de junho passado. O sentimento é de que as pessoas estão – de alguma forma – protestando mais, cobrando mais, exigindo mais.
 
Com as fortes suspeitas de que há formação de cartel nas licitações do metrô de São Paulo, o Movimento Passe Livre (MPL), que vem lutando por tarifa zero e transporte público de qualidade nas principais cidades do país, resolveu voltar hoje às ruas paulistanas para protestar contra a corrupção no metrô.
Será que o PT, conforme prometeu, aparecerá com bandeiras e camisetas vermelhas para manifestar a sua insatisfação com a malfeitoria tucana? Ainda tem alguma moral para isso? Não sei, mas pode parecer o sujo falando do mal lavado.
 
Aliás, quem anda sumido e calado é FHC. Até agora não disse absolutamente nada à respeito desse episódio nebuloso e fora do trilho, que envolve administrações de seus colegas de partido.
Da mesma forma que as pessoas cobraram de Lula alguma satisfação sobre as mobilizações, é natural que queiram saber o que o ex-presidente FHC acha da formação de cartel em concorrências públicas.
 
Segundo Geraldo Alckmin, existe acordo comercial entre empresas também no governo federal, inclusive no setor de energia. Já que o governador de São Paulo fez a denúncia, poderia dar provas.
 
Hoje, também, o STF (Supremo Tribunal Federal) volta a analisar o Mensalão (Ação Penal 470). A dúvida é se os nobres ministros vão acatar (ou não) o pedido dos advogados de defesa, que solicitarão um novo julgamento através do embargo infringente (recurso da defesa para repetir determinado julgamento em função de votação muito apertada).
O deputado João Paulo Cunha (PT-SP), por exemplo, teve cinco votos a favor da sua condenação e quatro contra.
O embargo infrigente não é lei, que precisa ser levado em conta, mas é uma brecha jurídica para adiar ou mudar uma punição já julgada.
Esta quarta-feira promete ser movimentada.
 
14 de agosto de 2013
in Giovanni Soares

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