Eles criam lá suas mistificações e não esperam, certamente, contar com a anuência de todos, não é? Podem até querê-la e ter ganas de cassar e caçar quem ousa divergir, mas sabem que não terão o que pretendem. Não enquanto o país for uma democracia.
Títulos de “Doutor honoris causa”, agora, se concedem às baciadas. Nesta sexta, em cerimônia no teatro João Caetano, no Rio, Luiz Inácio Lula da Silva (claro!) foi agraciado com a prebenda acadêmica por todas as universidades públicas do Rio: Uerj (Universidade Estadual do Rio de Janeiro), Unirio (Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro), UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), UFF (Universidade Federal Fluminense) e UFRRJ (Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro). Chegará o dia em que será preciso fazer a cerimônia num estádio.
Na presença do ex-ministro da Educação Fernando Haddad e do atual, Aloizio Mercadante, Lula lançou ao vento números escandalosamente mentirosos. E foi muito aplaudido. Disse ter criado 14 novas universidades federais. É cascata! Não chegou à metade disso. O resto é divisão de instituições que já existiam ou elevação de status — de faculdade ou campus avançado para universidade. EVIDÊNCIA DA MENTIRA: em 2010, as universidades públicas brasileiras formaram 24 mil estudantes a menos do que em 2004!!!
Mas ainda não era a maior mentira. Segundo informa a Folha, o homem disse ter elevado o número de universitários do país de 6 milhões para 12 milhões. O homem etá no “mundo de Lula”. Haddad ouvia tudo caladinho — e certamente não vai corrigir a batatada, embora seu ministério tenha divulgado o Censo Universitário no fim de 2011. Os números são outros.
Em 2001, havia 3 milhões de estudantes matriculados nas universidades do país; no fim de 2010, eram 6,37 milhões — quase a metade do que Lula alardeou. Atenção! 14,7% desse total (quase um milhão de alunos) estão matriculados na modalidade “ensino à distância” Com raras exceções, esse troço virou, no Brasil, um caça-níqueis ainda mais vantajoso do que instituições de ensino meia-bomba que vendem suas vagas para o ProUni. Não passa de picaretagem! Mas sigamos. A meta do Plano Nacional de Educação, estabelecida em 2000, era chegar a 2010 com 33% dos jovens de 18 a 24 anos na universidade. Segundo o Censo, o governo do Apedeuta ficou bem longe disso: apenas 17,4%. Como? Petistas não acreditam em mim? Faz sentido. Então acreditem nos números postos no portal do MEC, com foto de Fernando Haddad e tudo (aqui).
Como os petistas adoram brincar de arranca-rabo de classes, demonstro pra eles que, se quiser, sou imbatível nesse quesito0—- só que contra as mentiras que eles contam. Lá no Censo, assinadinho pelo senhor Fernando Haddad, consta que as matriculas em cursos noturnos em 2001 representavam 56,1% do total; em 2010, 63,5%. Certo! Nas universidades federais, estudam à noite apenas 30% dos estudantes; nas privadas, 71,8%. Hipótese bastante plausível: pobres estudam em universidade privadas; os ricos, nas federais. Bingo!
O problema do tal ProUni não é a existência do programa em si, é evidente, mas a qualidade do que está sendo oferecido aos pobres com dinheiro público. Mas esse é outro departamento. Que fique aqui o registro: os números que Lula exibiu, sob aplausos comovidos, eram falsos como nota de R$ 3.
A imprensa sabe disso? Acho que sim! O Censo Universitário, feito pela gestão Haddad, não está disponível apenas para este criado de vocês, não é?
05 de maio de 2012
Reinaldo Azevedo
05 de maio de 2012
Reinaldo Azevedo
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