"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



terça-feira, 29 de maio de 2012

"SÓ FIZ O QUE ERA REPUBLICANO", DIZ DEMÓSTENES

Durante o depoimento ao Conselho de Ética do Senado, o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) disse ser vítima de um “conluio” entre o Ministério Público Federal e a Polícia Federal. Depois de falar por cerca de duas horas, Demóstenes passou a responder perguntas dos integrantes do colegiado.
O parlamentar alega que as gravações que mostraram sua relação com o contraventor Carlinhos Cachoeira são ilegais. “Há um conluio entre Ministério Público e a Polícia Federal para se fazer investigação em cima de um parlamentar”, afirmou. “A investigação deve ser feita pelo STF. As provas são totalmente ilegais. O processo foi todo montado”.

Ao responder as perguntas do relator do processo de cassação, o senador Humberto Costa (PT-PE), Demóstenes disse que não estranhou quando recebeu de Cachoeira um aparelho radiocomunicador Nextel. “Hoje, voltando no passado, é óbvio que eu jamais faria isso novamente”, declarou. Demóstenes admitiu que a conta do aparelho era paga pelo próprio Cachoeira: “Uns 50 ou 60 reais por mês”.

Dada a gigantesca quantidade de conversas indicando que Demóstenes colocou o mandato a serviço da quadrilha, o senador baseia sua defesa na tese de que não atendeu todos os pedidos feitos pelo contraventor. “Nem tudo o que se diz se faz”, justificou. “Fiz tudo o que achei que era republicano. O resto não fiz”. O senador também disse que se sente traído por Cachoeira. “Todo mundo que se relacionou com ele não tinha conhecimento (das atividades criminosas)”.

Demóstenes afirmou que se aproximou de Cachoeira quando foi secretário de Segurança de Goiás, entre 1998 e 2002, e lembrou que, na ocasião, o grupo do contraventor tinha o monopólio legal dos jogos de azar no estado. “Ele cobrava de mim e de outras autoridades a atuação contra outros exploradores que eram, naquele contexto, considerados ilegais”.

Orquestração

Mais cedo, Demóstenes falou seguidamente por quase duas horas e apresentou sua versão às principais acusações que sofre. Demóstenes começou a falar às 10h20. Com a fisionomia abatida, ele apelou para o sentimentalismo, disse passar por uma crise pessoal e citou a família. “Devo dizer a vossas excelências que vivo o pior momento da minha vida, um momento que jamais imaginaria passar”, afirmou. “A partir de 29 de fevereiro deste ano, hoje estamos inteirando três meses do episódio, passei a enfrentar algo que nunca tinha enfrentado na minha vida: depressão, remédios para dormir e que não fazem efeito, fuga dos amigos e talvez a campanha sistemática mais orquestrada da história do Brasil”.

29 de maio de 2012
Reinaldo Azevedo
Na VEJA Online:

Nenhum comentário:

Postar um comentário