BRASÍLIA - Ao pinçar Fernando Haddad, Lula quer repetir Paulo Maluf com Celso Pitta, em 1996, e José Serra com Gilberto Kassab, em 2008, na eleição para a Prefeitura de São Paulo. Além de reviver a vitória de Dilma para o Planalto, em 2010.
Em junho de 1996, Luiza Erundina era a favorita, com 32%, seguida por Serra, com 20%. Mas quem se elegeu foi Pitta, que tinha então apenas 11%.
Em julho de 2008, Marta Suplicy liderava as pesquisas com 38%, seguida por Geraldo Alckmin, com 31%. Ganhou Kassab, então com 13%.
O que fez toda a diferença para a vitória de Dilma, de Pitta e de Kassab? Responde Mauro Paulino, do Datafolha: a combinação da propaganda eleitoral gratuita com a "descoberta", pelo eleitor, de que Lula, Maluf e Serra, respectivamente, estavam por trás dos candidatos, eram seus padrinhos. Pitta disparou para 43%, Kassab venceu com 31%.
A história das eleições também registra fenômenos opostos, como Francisco Rossi em 1996 e Maluf em 2004. Os dois foram estrelas cadentes: brilharam muito, mas rápido, e chegaram ao final com metade do que tinham antes da TV.
Por enquanto, Haddad e Chalita pedalam pela cidade para fortalecer a imagem do "novo", Russomanno cai, literal e sintomaticamente, da bicicleta e se arranha todo, Serra passa vexame ao dar uma de garotão num skate e Soninha reclama de falta de espaço. Em vez de "cresça e apareça", os candidatos estão na fase de "apareça e cresça".
Deveriam, porém, descer de suas bikes e skates para discutir o que realmente interessa. Exemplo: os dados de ontem da Secretaria da Segurança sobre homicídios no Estado e na capital, péssimos para Alckmin e Kassab. Logo, para Serra.
O debate não é sobre quem é novo ou velho, nem sobre quem é padrinho de quem, mas sobre o candidato com reais condições de combater esse quadro de calamidade. Se não é, deveria ser. Pitta e Kassab estão aí para contar essa história.
Eliane Cantanhêde
26 de julho de 2012
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