Ao negar a existência do mensalão, José Dirceu pôs a culpa em Delúbio Soares. Num documento de onze páginas, que está sendo distribuído à imprensa, a Assessoria do ex-ministro-chefe da Casa Civil diz que o ex-tesoureiro do PT assumiu as irregularidades.
"Nunca houve o chamado mensalão. O que de fato existiu foi a prática de caixa dois para cumprimento de acordo eleitoral, conduta irregular prontamente assumida por Delúbio Soares e o PT sobre a relação com partidos aliados em 2004", diz o memorial feito para jornalistas.
O texto diz que não foi comprovada a suposta compra de votos para parlamentares apoiarem o governo no Congresso. De acordo com a defesa de Dirceu, o mensalão foi uma "fantasia" criada por Roberto Jefferson, então líder do PTB, que teria sido desmentida no processo.
Réu número um do mensalão, Dirceu vai acompanhar o início do julgamento em São Paulo. Aconselhado por advogados e assessores, Dirceu desistiu de ir ao Supremo Tribunal Federal (STF) e também de fazer a sua defesa aos ministros da Corte.
Advogados alertaram-no que fazer a defesa pessoalmente seria uma estratégia suicida. Essa prática é absolutamente incomum nos tribunais brasileiros. Além de ser considerada como uma ofensa ao trabalho dos advogados, defender-se pessoalmente é prática vista como arrogante, que pode transmitir a imagem de desafio direto aos julgadores. Os criminalistas são unânimes a desaconselhar os clientes a fazê-lo.
Segundo seus assessores, Dirceu deve adotar uma postura "low profile" e evitar eventos públicos durante a primeira semana de agosto. Ele deve cancelar a sua participação num debate, no sábado, sobre o Movimento de Libertação Popular (Molipo), uma das organizações que lutou contra o regime militar.
O evento vai ser realizado no Memorial da Resistência de São Paulo, no bairro da Luz. Dirceu também não vai montar um "bunker" para contestar o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, que vai fazer a acusação do mensalão assim que o julgamento tiver início, em 2 de agosto.
As alegações de Gurgel vão ser rebatidas por meio do advogado do ex-ministro-chefe da Casa Civil, José Luis de Oliveira Lima, o Juca, no dia seguinte. Como Dirceu foi colocado como réu número um do mensalão pelo Ministério Público Federal, Juca será o primeiro advogado a apresentar defesa oral aos ministros do STF. Ele deve defender Dirceu em 3 de agosto.
No momento em que o ministro Joaquim Barbosa, relator do processo, começar a votar as acusações contra Dirceu, o ex-ministro deve permanecer em São Paulo e assistir à sessão do STF pela televisão. A não ser que tenha um rompante, Dirceu não irá a Brasília.
(Valor Econômico)
26 de julho de 2012
in coroneLeaks
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