O mundo gira, as horas voam, mas, como na precisa descrição de Minas Gerais feita por seu governador Magalhães Pinto, o Brasil continua onde sempre esteve.
Renan Calheiros, que já foi certa vez obrigado a renunciar para escapar à cassação, é não apenas líder do PMDB como pretende ser o sucessor de José Sarney na Presidência do Senado.
E Sarney? Sarney, certamente, estará disponível daqui a alguns anos para ser o sucessor de Renan na Presidência do Senado.
O Brasil está onde sempre esteve, mas algumas coisas mudam. Renan era inimigo de Sarney, e ambos eram inimigos de Lula; hoje, Renan e Sarney são amigos de infância, e Lula é padrinho de Renan.
Os três eram inimigos irrevogáveis de Paulo Maluf, mas formam hoje uma grande família. Mais do que afrodisíaco, como dizia Ulysses Guimarães, o poder faz com que aflore o lado bom de cada um e deixe os políticos cheios de amor para dar (e receber).
A lição do filósofo Aloízio Mercadante, de que tudo que é irrevogável pode ser revogado, paira sobre o país. Renan Calheiros era comunista dos mais ferozes, José Sarney era a voz civil da ditadura militar, Lula nasceu para combater a ambos e liderar passeatas com o slogan “Uh, uh, uh, Maluf no Carandiru” – uma referência ao grande presídio paulistano.
Mas todos se abraçaram, convencidos de que só o amor constrói. E, quase 30 anos após o fim da ditadura, são seus nomes que continuam no noticiário. Amor a dinheiro e verbas também é amor.
O tempo passa, e o Brasil é o mesmo. Mas enrugado como uma uva passa.
Carlos Brickmann
26 de julho de 2012
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