"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quinta-feira, 26 de julho de 2012

BASTIDORES DA CVM: QUEREM PUXAR O TAPETE DE LEONARDO GOMES PEREIRA, NOME INDICADO POR MANTEGA PARA PRESIDIR A AUTARQUIA

Embora alguns veículos jornalísticos tenham noticiado que a ex-presidente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Maria Helena Fernandes de Santana, está por trás da indicação do nome do novo presidente da autarquia, feita pelo ministro Guido Mantega, alguns observadores mais atentos do cenário político-sucessório que se desenvolve perante a instituição descreem, totalmente, nesta versão “oficial”.

Na rádio-corredor da CVM tem sido feita, frequentemente, uma pergunta que não quer calar: se foi realmente Maria Helena quem indicou o nome de Gomes Pereira, ao ministro Guido Mantega, para presidir a autarquia, por que ela divulgou no site da CVM durante uma semana, exatamente na semana em que o nome do novo presidente seria indicado pelo ministro da Fazenda, o fato de que Gomes Pereira respondia, como acusado, a processo administrativo sancionador, e, para nele pôr fim, celebrou um termo de compromisso de R$ 200 mil?
Que padrinho exporia seu indicado a tamanho constrangimento perante à imprensa?


Maria Helena Santana, ex-presidente da CVM

Na realidade, o que fez Maria Helena foi tentar minar a indicação feita pelo ministro Guido Mantega, com a finalidade de reverter a aprovação de Gomes Pereira na sabatina a ser realizada pela Comissão de Assuntos Econômicos do Senado Federal.
Conta-se que a saia-justa criada por Maria Helena para Mantega tem uma explicação: além de ela estar tendo dificuldades para ser recebida em Brasília pelo ministro, a absolvição de Fernando Cavendish, no caso Prece, no julgamento do Colegiado por ela presidido, teria causado enorme desconforto para a Presidente Dilma Rousseff, na medida em que a CGU havia acabado de declarar inidônea a Delta, empresa de Cavendish, atolada até o pescoço no esquema de Carlinhos Cachoeira.

Segundo fontes do mercado, Maria Helena Santana acreditou no peixe que lhe foi vendido pelo governador Sergio Cabral, no sentido de que, absolvendo Cavendish, estaria agradando a Dilma, com quem propala ter “o melhor dos relacionamentos”.
A absolvição de Cavendish na CVM, em pleno andamento da CPI que investiga suas ligações com o notório contraventor, entretanto, foi um tiro no pé, pois fez com que o Colegiado da autarquia, presidido por Maria Helena, caísse em desgraça e desconfiança perante o Palácio do Planalto.
E o ministério da Fazenda já manifestou intenção de anular o julgamento da CVM, arguindo a suspeição do relator do caso, diretor Otavio Yazbek (hoje, presidente interino), por ter prestado consultoria a corretoras envolvidas.

Outro ponto importante: a indicação de dois novos nomes, para a diretoria (Ana Novaes) e presidência (Gomes Pereira) da CVM, nomes estes técnicos e independentes, contrariou os interesses de Edemir Pinto e sua BM&FBOVESPA, de quem Maria Helena Santana é – e sempre foi! – cria, assim como Yasbek, representando, assim, forte abalo na parceria CVM-BM&FBOVESPA; sabido que a CVM, até agora, sempre foi o quintal da BM&FBOVESPA.

Não se surpreendam os leitores, então, se Maria Helena Santana e Edemir Pinto conseguirem, dado o desconforto criado perante a imprensa, derrubar a indicação de Leonardo Gomes Pereira no Senado e emplacar o nome de Roberto Tadeu Antunes Fernandes para a presidência da CVM e de Alexandre Pinheiro dos Santos, hoje Superintendente-Geral, para a vaga que seria aberta por Antunes Fernandes, na Diretoria, sonho de consumo da BM&FBOVESPA.


Edemir Pinto, da Bolsa, manobra nos bastidores

No Congresso, circula a informação de que Renan Calheiros, que tem aspiração de presidir o Senado Federal, já recebeu de Edemir Pinto a incumbência de vetar o nome de Gomes Pereira no Senado, causando todo tipo de desconforto na sabatina do executivo indicado pelo ministro Guido Mantega – não diretamente, mas através de seus correligionários integrantes da Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, que não terão dó nem piedade do ex-vice-presidente da GOL na sabatina, ao questioná-lo sobre o processo no qual foi acusado pela CVM.

Feito isto, o nome de Roberto Tadeu Antunes Fernandes – este sim, apoiado por Maria Helena Santana, quando esta ainda desfrutava de algum prestígio e credibilidade junto ao Ministério da Fazenda – virá como o “salvador da pátria”.

Aliás, quem foi à despedida de Maria Helena Santana no Rio Scenarium, na Lapa, ouvir chorinho e dançar um sambinha, sabe muito bem que o nome de Roberto Tadeu Antunes Fernandes foi já naquela ocasião aclamado, dada a certeza do grupo quanto aos problemas que o nome de Gomes Pereira experimentaria durante o seu percurso para ocupar a cadeira de Maria Helena.

Que Roberto Tadeu Antunes Fernandes é um bom nome ninguém duvida. O problema é que chegando ele à presidência como devedor de Edemir Pinto, Maria Helena & Cia. Ltda., será em vão a tentativa de Dilma Rousseff e Guido Mantega de colocar ordem na casa, para restabelecer a independência que faltou à CVM nos últimos casos de grande repercussão lá julgados.
Ou Dilma e Mantega abrem o olho, ou a manobra, de puxar o tapete de Gomes Pereira, permitirá que a raposa continue a tomar conta do galinheiro.

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