"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quarta-feira, 3 de julho de 2013

EXÉRCITO DERRUBA MURSI E PÕE CHEFE DA CORTE CONSTITUCIONAL NO PODER

 

Em pronunciamento, comandante das Forças Armadas afirma que Constituição será suspensa
  • O plano inclui ainda a realização de eleições presidenciais antecipadas, comandadas por Adli Mansour
Soldados cercam arredores do Palácio Presidencial no Egito Foto: AMR ABDALLAH DALSH / REUTERS Soldados cercam arredores do Palácio Presidencial no Egito

CAIRO — Em pronunciamento na TV estatal, o general Abdel Fattah al-Sisi, comandante do Exército, disse que Mohamed Mursi não é mais presidente do país, mas negou que os militares se manterão no poder. Em seu lugar, assumirá o chefe da Corte Constitucional, Adli Mansour. O plano das Forças Armadas inclui ainda a suspensão da Constituição e a realização de eleições presidenciais antecipadas.
 
Na emblemática Praça Tahrir milhares de manifestantes comemoraram a saída do presidente, enquanto tanques do Exército tomavam o local. Tropas do Exército também cercaram o palácio presidencial com arame farpado e veículos blindados ocuparam os principais pontos na capital. O assessor de Mursi afirmou que seu paradeiro é desconhecido.
 
 
 
Várias organizações de direitos humanos no Egito divulgaram comunicado declarando respeito à revolução de 30 de junho e pedindo que a lei seja a base para resolver a atual situação política do país.

Antes do comunicado, o partido Watan, grupo salafista que faz parte da Aliança Nacional de Apoio à Legitimidade pró-Mursi , manifestou apoio ao presidente. O site de notícias da Irmandade Muçulmana, Ikhwan online, relata que o líder da legenda e o assessor presidencial Emad Abdel-Ghafour disseram que as pessoas não permitirão qualquer golpe contra a legitimidade do presidente. O Partido Forte do Egito disse em sua conta no Twitter que rejeita qualquer tentativa por parte do exército de interferir na gestão do processo político e que também rejeita a exclusão de qualquer facção política da vida pública.
 
Mais cedo, forças militares deram ordens proibindo o presidente de deixar o país - o que foi negado por dois altos funcionários da Irmandade Muçulmana. Mas funcionários do aeroporto confirmaram que haviam recebido ordens para barrar viagens ao exterior de líderes políticos - incluindo o presidente; o chefe da Irmandade Muçulmana, Mohammed Badie; e seu vice, Khairat al-Shater. Em nota, Mursi apelou para a formação de um governo de coalização.
 
“O Egito não irá voltar atrás. O mapa para resolver a crise no Egito deve ser legítimo. O Exército não deve tomar partido”, disse Mursi em comunicado divulgado na tarde desta quarta-feira.
 
Em um tom ainda mais desafiante, o conselheiro do presidente afirmou que um golpe militar estava em andamento, mas não aconteceria sem derramamento de sangue. Um assessor pediu que todos os egípcios resistissem a um golpe de maneira pacífica. Pelo menos 16 pessoas morreram e 200 ficaram feridas na véspera quando homens armados abriram fogo contra partidários do presidente, reunidos nos arredores da Universidade do Cairo, segundo as agências internacionais.

03 de julho de 2013
AMR ABDALLAH DALSH / REUTERS

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