Quatro notas da coluna de Brickmann publicada hoje por diversos jornais
Rouba-se em ditaduras e democracias. Faz parte.
O que não faz parte, e que responde pelas grandes manifestações, é o deboche.
Nunca por aqui alguém brigou pela corrupção dos outros. Mas quando um senador que teve de renunciar para não ser cassado vira presidente do Senado, quando ministros afastados por “malfeitos” voltam a circular no Governo, quando deputados condenados à prisão por corrupção não apenas continuam exercendo o mandato como vão para a Comissão de Constituição e Justiça, quando o Poder torna sigilosos os gastos do cartão corporativo de uma servidora que se dizia grande amiga do então presidente, aí é demais.
É juntar o roubo ao escárnio.
É dizer “vou tomar seu dinheiro e contar pra todo mundo que você é otário”.
Mentir faz parte do deboche.
Quando o ministro da Fazenda diz que as contas batem graças a uma tal “contabilidade criativa”, está debochando. Na ditadura, acochambravam-se os índices (era a expressão da época), mas negava-se a bandalheira.
Hoje a bandalheira é afirmada, enfiada na cara do cidadão.
É abuso.
Depois da queda
Nem o Palácio do Planalto deve se assustar, nem a oposição se embandeirar, com a queda do índice de popularidade do governo Dilma. As manifestações derrubaram os índices dos governantes em geral (e era inevitável que assim fosse).
Mas a queda pode ser passageira, dependendo de como se fizer o manejo da crise.
O importante não é a queda causada pelas manifestações: como num terremoto, o importante é o que ocorre nas camadas subterrâneas.
Mostra a pesquisa DataFolha: a expectativa de aumento da inflação passou de 51 para 54%; a avaliação positiva do comando da economia caiu de 49 para 27%; a expectativa de crescimento do desemprego passou de 36 para 44%.
Este é o nó a desatar.
03 de julho de 2013
Carlos Brickmann
Blog Ricardo Setti - Veja
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