Eu quero o PT fora do poder. Não porque eu tenha partido — os tucanos, por exemplo, sabem muito bem que não sou da turma.
Quero os petistas fora do poder porque eles não gostam de democracia. Já escrevi milhares, literalmente, de textos demonstrando isso. Mas eu os quero fora do poder SEGUNDO AS REGRAS DO JOGO — ainda que eles vivam tentando burlá-las.
Ocorre que o fato de eles fazerem isso não me dá o direito de fazer o mesmo. Não são os petistas a decidir o que acho bom ou ruim. Eu decido. Nas minhas escolhas morais e éticas, faço de conta que eles não existem. Assim, vocês sabem, o baguncismo em curso no país nunca me encantou. “E se contribuir para o PT ser defenestrado…”
Nem assim endosso os métodos. Escrevi um textinho no dia 21 de junho recomendando que Dilma falasse à nação. Mesmo deplorando seu governo, seu partido e o que pensa essa gente, sugeri a ela um caminho — o da institucionalidade. Mas ela preferiu um outro. Vale a pena reler. Volto em seguida.
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O Brasil vive, por enquanto ao menos, uma democracia política plena. A única ditadura que ronda as consciências é a patrulha do politicamente correto, das ditas “minorias”, dos autodeclarados movimentos sociais. Existe plena liberdade de manifestação e de opinião. A praça está livre para o povo ocupá-la e dizer o que bem entende.
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O Brasil vive, por enquanto ao menos, uma democracia política plena. A única ditadura que ronda as consciências é a patrulha do politicamente correto, das ditas “minorias”, dos autodeclarados movimentos sociais. Existe plena liberdade de manifestação e de opinião. A praça está livre para o povo ocupá-la e dizer o que bem entende.
Atenção para este parágrafo: quando, no dia 13, a Polícia Militar de São Paulo decidiu cumprir a sua função e impor a ordem nas ruas — já que manifestantes tentavam, mais uma vez, impedir o direito de ir e vir, foi demonizada pela imprensa, pelos petistas e, de forma indireta, até pela presidente.
Dilma está diante de um de dois caminhos:
1) fazer um pronunciamento meramente retórico em defesa da paz, perdendo-se, mais uma vez, na propaganda dos feitos de seu partido;
2) deixar claro que os abusos não serão tolerados e que o governo federal dará todo o apoio material e político para que os governadores garantam a tranquilidade e a ordem.
Por mais que setores da imprensa insistam em dizer o contrário, é mentira que as manifestações ocorrem num clima de paz e tranquilidade. É evidente que não temos uma maioria de depredadores na rua. Fosse assim, ou seria revolução ou o retorno ao estado da natureza. O fato e que existe um clima favorável à bagunça, à depredação e aos saques.
Existe lei federal — a de Segurança Nacional, sim! — para conter esses bandidos. Mas a coisa não pode parar por aí. Todos têm o direito de se manifestar publicamente. Há liberdade de reunião e de associação no país, mas é mentira que exista o direito assegurado de paralisar as cidades.
O governo federal tem de se reunir com os governadores e lhes dar o devido suporte para que sejam definidas as áreas que podem abrigar as manifestações. As interrupções do trânsito e a ocupação tresloucada de ruas, avenidas e rodovias têm de ser contidas pelas Polícias Militares, e os que insistirem na prática têm de ser punidos.
Mas, para isso, é preciso que haja uma solução de compromisso. Para isso, é preciso que os ministros de Dilma se comportem como homens de estado, não como chicaneiros. E é preciso que o partido de Dilma abra mão do oportunismo asqueroso que o fez redigir uma nota que, na prática, estimula a bagunça.
Ou a presidente faz isso, ou pode começar a se despedir não da reeleição, mas da própria candidatura. É bom que ela não se esqueça de que a maior concentração por metro quadrado de pessoas que torcem para que ela quebre a cara é o PT.
O partido quer Lula de volta.
Volto
Em política, forma é conteúdo. A maneira escolhida para reivindicar isso ou aquilo expressa um entendimento do tipo de sociedade que queremos. Dilma fez um pronunciamento assustadiço, de quem estava acuada no Palácio, sem entender direito o que estava em curso. Se os descontentamentos são de agora, recentes, ou fruto do acúmulo de anos de desmandos na República, pouco importa: o fato é que temos o instrumento adequado em mãos. O nome dele é estado democrático e de direito.
Em tempos de redes sociais, de “cada um vá para a rua e exija o cumprimento de seu sonho”, a desordem acaba se confundindo com a poesia. Manifestações estupidamente violentas eram transmitidas ao vivo, com comentadores destacando a, como é mesmo?, “maioria pacífica”.
Ora, o mesmo critério da “maioria pacífica” que impedia as cidades de levar uma vida normal está em curso nas estradas.
Que eu saiba, a maioria dos caminhoneiros não está botando fogo em pneus. Ou está? “Ah, mas eles impedem o direito de ir e vir…” Não me digam! Os que passaram a dar plantão na Paulista não faziam o mesmo?
Digam-me aqui: se a Mayara Vivian e os Rimbauds das catracas podem posar de pensadores no Jornal Nacional e no Fantástico, por que não Nélio Botelho? “Ah, esse cara é muito suspeito…” Eu também acho. Mas os outros eram, por acaso, uma mistura de Madre Teresa de Calcutá com Voltaire?
Agora a coisa começa a ficar feia, não é? Agora se começa a mexer com coisa séria. Há gente no Brasil que achou que dava para tirar a pasta de dentes do tubo e depois devolvê-la. Não dá, não! Por que o “occupy a Paulista” é mais legítimo do que o “occupy a Dutra”? Se alguém tiver alguma resposta que não seja só ideologia, pode enviar para cá.
Os petistas resolveram, num primeiro momento, flertar com a desordem, achando que iriam liquidar om o PSDB em São Paulo e, depois, se viram acuados com os monstros que ajudaram a tirar da caixa. Com o problemão nas mãos, em vez de deixar claros os limites que teriam de ser respeitados, resolveram ser reverentes com expressões claras de ilegalidade.
Eu, que quero Dilma fora do poder, acabei por lhe dar um bom conselho. Ela preferiu ouvir o Mercadante. O resultado é esse aí.
03 de julho de 2013
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