O Ministério da Justiça determinou nesta quarta-feira que a Polícia Federal abra inquérito para investigar se os bloqueios de caminhoneiros nas rodovias do país são orquestrados por empresários do setor de transportes.
Até o momento, onze pessoas foram presas pela prática de crimes variados.
Em ofício encaminhado ao ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, na manhã desta quarta, o titular dos Transportes, César Borges, disse ter obtido informações de que Nélio Botelho, representante do Movimento União Brasil Caminhoneiro (MUBC), “possui contratos de transporte rodoviário com a Petrobras e estaria atuando, como empresário do setor, nas paralisações, o que poderia configurar ‘lockout’”.
O ministro da Advocacia-Geral da União (AGU), Luís Inácio Adams, afirmou que o representante do MUBC atualmente tem 39 contratos com a Petrobras, com valor mensal de 4 milhões de reais. Adams determinou que os contratos sejam averiguados.
A Polícia Rodoviária Federal foi orientada a aplicar multas para quem descumprir a lei. Nesta terça-feira, a Justiça Federal determinou o bloqueio dos bens de Nélio Botelho.
Rigor
Nesta quarta, a presidente Dilma Rousseff afirmou o governo não vai tolerar o bloqueio de rodovias por caminhoneiros. O Executivo, disse ela, “não ficará quieto” diante da situação. Pelo terceiro dia consecutivo, os caminhoneiros voltaram a realizar uma série de interdições em seis estados.
O ministro da Justiça ressaltou que o bloqueio das rodovias pode ser tipificado como atentado contra a liberdade de trabalho, crime com punição de três meses a um ano de prisão, além de multa. “O governo não vai tolerar a prática de crimes ou de abusos por quem quer que seja.
A Polícia Federal vai apurar com rapidez todos os fatos que foram narrados e os envolvidos sofrerão as sanções cabíveis. A sociedade brasileira não tolera o descumprimento da lei e por isso o governo vai agir, com o máximo de rigor”, disse Cardozo.
Já César Borges afirmou que “há interesses específicos” por trás das mobilizações e voltou a dizer que as reivindicações dos caminhoneiros não serão atendidas. “Há na pauta demandas como o não pagamento do pedágio e o subsídio ao óleo diesel, que é um combustível já subsidiado para baratear o transporte das cargas. Não há como fazer um outro subsídio uma vez que o óleo diesel serve a vários setores.”
03 de julho de 2013
Por Marcela Mattos, na VEJA.com
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