"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sábado, 10 de agosto de 2013

SOB "CONTROLE" II - ALTA DO DÓLAR JÁ ELEVA PREÇOS DE COMPUTADORES E CELULARES


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A subida do dólar para um patamar em torno de R$ 2,30 está forçando setores com insumos atrelados à moeda americana a elevar preços. É o caso dos moinhos de trigo, que produzem a farinha usada em massas e pães, e da indústria de eletroeletrônicos. Dependente de componentes importados, os fabricantes de celulares e computadores já reajustam os preços de seus equipamentos. No mês passado, quando o dólar acumulou alta de 10%, as empresas repassaram ao varejo reajustes de até 3%.
— Se continuar a desvalorização do real, é natural que outros reajustes sejam necessários nos próximos meses — disse Humberto Barbato, presidente da Abinee, a associação da indústria de eletroeletrônicos.
Os reajustes só não foram maiores, observou Barbato, porque as empresas mantêm estoques por mais de 60 dias. Além do ritmo fraco do consumo, as empresas enfrentam forte competição, o que as obriga a absorver parte dos aumentos de custos decorrentes do câmbio.

O mesmo acontece com o setor de trigo, que importa a maior parte do grão usado na produção de farinha no país. Para os moinhos, o fantasma da alta de custos é ainda maior. Além do câmbio, essas empresas carregam uma alta de 30% nos preços da commodity desde o início do ano — decorrente entre outros fatores de quebra de safras em países como Argentina e Rússia.
A Argentina, maior exportadora de trigo para o Brasil, suspendeu sumariamente — por decreto do governo Cristina Kirchner —as exportações de todo o trigo produzido no país até dezembro.
Apesar disso, os repasses dos moinhos para os preços da farinha de trigo têm variado entre 3% e 4% ao mês desde junho, segundo Christian Saigh, presidente do Sindicato da Indústria de Trigo de São Paulo (Sindustrigo).

— A pressão de custos é muito forte e, apesar do esforço para reduzir esse impacto, o viés é de repasse dessa alta — afirmou Saigh.


"O mínimo necessário"
Segundo o executivo, que também é diretor da Associação Brasileira da Indústria de Trigo (Abitrigo), os reajustes que vêm sendo feitos são o "mínimo necessário" o que não impede que alguns moinhos operem no vermelho.
— Este é um momento ingrato, porque há também uma queda no consumo de trigo no país — disse Saigh, referindo-se à retração na demanda de farinha no país ao longo do primeiro semestre do ano.

A Associação Brasileira de Supermercados (Abras) confirma essa retração de demanda. O índice de Volume de Vendas da Abras, que avalia o consumo de 130 categorias de produtos vendidas nos supermercados de todo o país apresentou queda de 1,6% no primeiro semestre, em relação ao mesmo período de 2012.
— O que se tem que avaliar é que o mercado não está mais tão aquecido, e muitos varejistas já falam em absorver custos para não subir os preços ao consumidor — diz Flávio Tayra, gerente do Departamento de Economia e Pesquisas da Abras.
10 de agosto de 2013
Ronado D"Ercole Lino Rodrigues O Globo

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