Jamais poderia supor que, um dia, a ateia convicta, viesse estar ao lado de um Papa e ter a sua mão criminosa por ele apertada e, sem nenhum constrangimento, incluir-se no discurso farsesco de “que somos todos fiéis” [à Igreja Católica]. Mas mentir não é problema para a comunidade vermelha, habituada à descaracterização das palavras.
É de se esperar que o Pontífice estivesse preparado espiritualmente para situações como esta, já que permaneceu imune à infecção ideológica dos Kirchner, e não seria uma principiante sem tato na arte do sutil jogo político que iria afetá-lo. Ele não veio misturar-se aos políticos, mas ao povo; em grande parte ignorante, mas que mantém fidelidade à sua crença.
Não passaram despercebidas ao telespectador atento as palavras do Hino Nacional Brasileiro mastigadas entre os dentes afiados da veterana artilheira. Que tortura para esta agente a serviço de uma ideologia espúria ter que trocar o hino da Internacional Socialista, os gritos de guerra do Foro de São Paulo, pelo Hino-Símbolo da terra que sempre escarneceu! O que não faz a cobiça pelo poder!
A leitura do plano de ‘encantamento papal’, engendrado por seus prepostos, resultou em quatorze laudas de autoelogios de seu inexistente governo e de prestidigitação, já que conseguiu transformar as manifestações de rua em atos de aprovação à política do nepotismo e da prevaricação. Nenhuma emoção, palavras apenas recuperadas do papel tinham o fito único de enredar o Papa na trama de interesses que percorreu a sua alocução. A tentativa de manter o mesmo valor semântico das palavras-chave do vocabulário do Pontífice coincidentes com as do léxico gramscista não surtiu o efeito esperado. Mais uma desastrosa derrota para quem, além de incapacitada ao cargo, cerca-se de áulicos dos mais incompetentes.
Frases como “renovar com a Santa Sé valores como justiça social, solidariedade, direitos humanos e paz entre as nações” soaram tão falsas como uma cédula de três reais. Afirmar que “lutamos contra o inimigo comum, a desigualdade” ultrapassou os limites do despudor e os da hipocrisia e o Papa Francisco, ainda, generosamente, permaneceu a observá-la decantar a sua política externa de ajuda à África, continente descoberto pelo Itamaraty do ciclo lulismo-dilmesco. Não satisfeita com as aberrações discursivas, sapecou nos cansados ouvidos do Padre que “se alia [à Igreja] nessas posições [sociais]”. O que pensou, neste momento, o indulgente Pontífice com tão indesejável e oferecida aliança, talvez não possa ser registrado.
Nas quatorze laudas estava armada a teia da tarântula pôr onde pensava conduzir o Papa, seduzi-lo, sensibilizá-lo e obter o seu apoio político, formando uma unidade ideológico-religiosa notável que a levantaria da queda magnífica nas pesquisas, sofrida após tantos desastres políticos.
O Padre, com o olhar fixo naquela ‘máquina repetidora’, via e ouvia a insistência com que tentava equiparar os objetivos políticos de um partido que se mantém na exploração da camada do povo sem oportunidades de vida aos objetivos de sua vinda ao Brasil, voltados unicamente à religiosidade, num momento de total perda de valores morais no país. Para o Papa, esse comportamento de uma presidente era a demonstração de avidez política na sua intenção de transformá-lo em seu cabo eleitoral.
Acertadamente, o Vaticano, ao receber o pedido com a chancela de Brasília, para que o Papa desembarcasse naquele antro de corvos, como Chefe de Estado, dando à sua vinda um caráter oficial, desbaratou, de imediato, o jogo político, a cilada sinistramente preparada com que tentavam os vendilhões do país inserir o Papa no contexto de manipulação da massa.
Ele não veio ao Brasil para se aliar a políticos, os mais ímprobos do mundo, nem retirar a senhora Dilma do limbo, mas falar com o povo muito precisado de fé e de coragem para justamente derrotá-los, eles que são os seus reais exploradores.
10 de agosto de 2013
Aileda de Mattos Oliveira é Dr.ª em Língua Portuguesa, membro da Academia Brasileira de Defesa.
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