Desenho que ilustra a matéria da revista The Economist sobre o PSDB: bicos muito compridos complicam a oposição. |
A última edição da revista The Economist faz uma análise sobre o comportamento do PSDB. A ilustração da matéria diz tudo: mostra um punhado de tucanos se bicando. Faço, como segue, um comentário sobre a reportagem, com link ao final para leitura completa no original em inglês.
A matéria analisa a trajetória do PSDB observando que embora o partido tenha marcado presença com os dois mandatos de Fernando Henrique Cardoso, que criou a estabilidade econômica, por outro lado vem patinando há três eleições seguidas: uma derrota de Geraldo Alckmin e duas de José Serra, sem falar que Serra perdeu também a eleição para prefeito em São Paulo.
Observa que é verdade que Lula concorreu quatro vezes para se eleger, mas ressalva que isso foi possível porque o PT surgiu por meio de uma organização de massas a partir de articulação sindical, enquanto o PSDB “sempre foi mais um clube de tecnocratas brilhantes, do que um grande movimento de massas”.
Esta assertiva do The Economist refere-se ao fato de que José Serra estaria tentando concorrer mais uma vez, embora não tenha condições de emular a façanha lulística.
Refere-se também à base ideológica similar entre o PT e o PSDB, levando em conta que o petismo no poder tornou-se pragmático incluindo em sua pauta também as privatizações que renegou no passado. Ambos os partidos são portanto de viés esquerdista e nesta altura não teríam difirenças fundamentais. Não concordo totalmente com essa afirmação, entretanto, tem algum sentido no que se refere ao berço ideológico de ambos os partidos, ou seja, ambos inspirados na esquerda do espectro político.
- Com esta sobreposição de política - diz The Economist - o eventual vencedor da luta pelo poder do PSDB terá que enfrentar uma escolha difícil. Se o partido se mantiver na centro-esquerda e esperar que uma maré se volte contra o PT, por causa de um enorme escândalo, digamos, ou uma recessão econômica? Ou deveria se mover para a direita, em direção a um território político que é praticamente desocupado?
Diz a publicação britânica que “tão prejudicial quanto a profusão de pretensos líderes do PSDB é a falta de um programa diferenciado. Lembra que Lula adotou políticas econômicas tucanas. Agora há pouca distância entre o PSDB e PT, cujas raízes estão no movimento trabalhista.
O artigo também salienta que os especialistas esperavam que após a sua segunda derrota, Serra abriria o caminho para os mais jovens e lembra o nome de Aécio Neves, a quem a revista reputa como “carismático”. Entretanto, observa que Serra no seu discurso após a derrota na última eleição presidencial afirmou que “isto não é adeus", significando que continuaria no páreo, como de fato se constata agora.
The Economist aborda o fato de que os tucanos mais jovens estariam por isso se distanciando do partido e muitos rumando para o lado de Marina Silva e que os brasileiros da classe média, apoiadores basilares do PSDB, também poderiam desertar.
A reportagem de The Economist reflete, em grande medida, o que está acontecendo na realidade. A isto soma-se a divisão interna do PSDB que poderia chegar ao pleito contabilizando defecções, o que o fragilizaria ainda mais.
Contudo, a política é dinâmica e, de repente, o PSDB consegue reverter esta situação. Ou então os eleitores brasileiros, e os próprio tucanos das bases, resolvam a qualquer custo marchar unidos em torno de um nome capaz de por fim a essa década funesta de dois governos do PT.
Por enquanto, como já afirmei aqui no blog Aécio Neves deverá ser o candidato do PSDB. O círculo vai se fechando o que torna difícil também eventuais defecções. Tudo depende do que acontecerá nos próximos meses.
The Economist afirma na abertura da matéria que a oposição precisa de mudança geracional e política se quiser permanecer relevante. Em parte isso é verdade.
CLIQUE AQUI para ler o artigo completo em inglês
10 de agosto de 2013
in aluizio amorim
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