Cabello começou a retaliar a oposição cortando seu direito à palavra nas sessões parlamentares
CARACAS - O presidente da Assembleia Nacional da Veneuzela, Diosdado Cabello, disse nesta sexta-feira, 26, que suspenderá o pagamento de salários dos deputados de oposição que não reconhecem o presidente Nicolás Maduro. A medida será tomada, também, em conselhos legislativos e câmaras municipais de todo o país.
Cabello começou a retaliar os opositores dois dias após a eleição. No dia 14, Maduro venceu o opositor Henrique Capriles por pouco menos de 2 pontos porcentuais de diferença. A oposição não reconhece a vitória e exige uma auditoria completa dos votos feita pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE). O órgão prometeu atender ao pedido, mas ainda não iniciou o processo.
O presidente da Assembleia, vice-presidente do partido Psuv, principal do chavismo, cortou o direito à palavra dos opositores nas sessões parlamentares. Além disso, Cabello destituiu das funções todos os deputados opositores que presidiam comissões na Casa.
A nova medida contra a oposição foi anunciada durante uma viagem do presidente da AN ao Estado de Anzoátegui. "É lógico e coerente. Como vou pagar a um fantasma? Se não trabalham, não podem cobrar, e não trabalham porque não reconhecem Maduro", afirmou.
O parlamentar William Dávila, do partido de oposição Ação Democrática, pediu a Parlamentos do mundo que prestem solidariedade aos deputados venezuelanos "perseguidos" pelo chavismo. Dávila acredita que os atos do presidente da AN são o começo de um processo para "acabar por completo com a autonomia do Poder Legislativo" da Venezuela.
Horas antes do anúncio de Cabello, Capriles havia anunciado que pediria à Justiça a impugnação do processo eleitoral. Em entrevista à emissora de TV Globovisión, o candidato derrotado disse que já reuniu provas para pedir a anulação do pleito.
O opositor admitiu, no entanto, que vê poucas chances de um pedido de impugnação ser aprovado pelo Tribunal Superior de Justiça (TSJ), visto como uma instância aparelhada pelo chavismo. "Não é uma luta 'de hoje para amanhã'", afirmou.
Ameaça. O governo venezuelano voltou a acusar os Estados Unidos de interferência na política venezuelana e articulação de um golpe. O chanceler Elías Jaua disse que a Venezuela reagirá "com reciprocidade" a quaisquer sanções aplicadas pelos americanos. O secretário de Estado dos EUA, John Kerry, já disse que o país prefere esperar uma auditoria eleitoral para reconhecer o presidente.
Maduro, por sua vez, continou ontem a anunciar medidas contra "sabotagens" que, segundo ele, seriam as causas dos repetidos apagões elétricos no país. O presidente já anunciou uma intervenção militar para investigar e impedir os atos dos supostos sabotadores.
"Vamos fazer reformas legais para transformar as penas para sabotagem nas penas mais severas que se possa impor (aos condenados)", afirmou.
Na quinta-feira, um jovem americano foi preso em Caracas sob a acusação de conspirar contra o governo e instigar tumultos após a eleição. O porta-voz do Departamento de Estado americano, Patrick Ventrell, negou que o detido, Timothy Hallet Tracy, tenha qualquer relação com o governo dos Estados Unidos. Ventrell também disse que Washington ainda espera "mais informações" sobre o caso.
26 de abril de 2013
/ EFE e REUTERS
Miguel Gutiérrez/Efe
Maduro foi eleito presidente por menos e 2 pontos percentuais
Cabello começou a retaliar os opositores dois dias após a eleição. No dia 14, Maduro venceu o opositor Henrique Capriles por pouco menos de 2 pontos porcentuais de diferença. A oposição não reconhece a vitória e exige uma auditoria completa dos votos feita pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE). O órgão prometeu atender ao pedido, mas ainda não iniciou o processo.
O presidente da Assembleia, vice-presidente do partido Psuv, principal do chavismo, cortou o direito à palavra dos opositores nas sessões parlamentares. Além disso, Cabello destituiu das funções todos os deputados opositores que presidiam comissões na Casa.
A nova medida contra a oposição foi anunciada durante uma viagem do presidente da AN ao Estado de Anzoátegui. "É lógico e coerente. Como vou pagar a um fantasma? Se não trabalham, não podem cobrar, e não trabalham porque não reconhecem Maduro", afirmou.
O parlamentar William Dávila, do partido de oposição Ação Democrática, pediu a Parlamentos do mundo que prestem solidariedade aos deputados venezuelanos "perseguidos" pelo chavismo. Dávila acredita que os atos do presidente da AN são o começo de um processo para "acabar por completo com a autonomia do Poder Legislativo" da Venezuela.
Horas antes do anúncio de Cabello, Capriles havia anunciado que pediria à Justiça a impugnação do processo eleitoral. Em entrevista à emissora de TV Globovisión, o candidato derrotado disse que já reuniu provas para pedir a anulação do pleito.
O opositor admitiu, no entanto, que vê poucas chances de um pedido de impugnação ser aprovado pelo Tribunal Superior de Justiça (TSJ), visto como uma instância aparelhada pelo chavismo. "Não é uma luta 'de hoje para amanhã'", afirmou.
Ameaça. O governo venezuelano voltou a acusar os Estados Unidos de interferência na política venezuelana e articulação de um golpe. O chanceler Elías Jaua disse que a Venezuela reagirá "com reciprocidade" a quaisquer sanções aplicadas pelos americanos. O secretário de Estado dos EUA, John Kerry, já disse que o país prefere esperar uma auditoria eleitoral para reconhecer o presidente.
Maduro, por sua vez, continou ontem a anunciar medidas contra "sabotagens" que, segundo ele, seriam as causas dos repetidos apagões elétricos no país. O presidente já anunciou uma intervenção militar para investigar e impedir os atos dos supostos sabotadores.
"Vamos fazer reformas legais para transformar as penas para sabotagem nas penas mais severas que se possa impor (aos condenados)", afirmou.
Na quinta-feira, um jovem americano foi preso em Caracas sob a acusação de conspirar contra o governo e instigar tumultos após a eleição. O porta-voz do Departamento de Estado americano, Patrick Ventrell, negou que o detido, Timothy Hallet Tracy, tenha qualquer relação com o governo dos Estados Unidos. Ventrell também disse que Washington ainda espera "mais informações" sobre o caso.
26 de abril de 2013
O Estado de S. Paulo
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