BRASÍLIA, 25 Abr (Reuters) - O Brasil avançou, mas deixou de fazer mudanças fundamentais e corre o risco de regredir, caso não faça novos avanços, disse o presidente do PSB e governador de Pernambuco, Eduardo Campos, nesta quinta-feira durante programa partidário.
Campos e o PSB, aliados históricos do PT, têm articulado nos últimos meses uma possível candidatura à Presidência em 2014, que quebraria a aliança. Desde o início do ano o governador e os socialistas fazem críticas sistemáticas à gestão da presidente Dilma Rousseff.
Até setembro, segundo membros do partido ouvidos pela Reuters, será possível avaliar o resultado dessas articulações, que, se forem bem-sucedidas, podem inclusive determinar a saída do PSB do governo para que o partido possa adotar um discurso de oposição.
"Avançamos, mas deixamos de fazer mudanças fundamentais, temos um Estado antigo que ainda traz as marcas do atraso e do elitismo. Um Estado que pouco tem avançado como provedor de serviços de qualidade e como agente de desenvolvimento", disse Campos durante o programa exibido na noite desta quinta-feira na TV e no rádio ao qual a Reuters teve acesso mais cedo.
Logo após esse comentário inicial de Campos, um locutor pontuou novas críticas ao atual governo.
"Nós somos o país do pré-sal, mas gastamos 3 bilhões (de dólares) por ano para importar gasolina", disse. "Somos um dos maiores produtores de alimentos do mundo, mas falta infraestrutura para estocar e transportar nossa produção", continuou o locutor.
"Temos a matriz energética mais limpa do planeta, mas gastamos 400 milhões (de reais) por mês para manter termelétricas poluidoras", afirmou.
Em seguida, Campos voltou a fazer mais críticas, dessa vez veladas, ao estilo de governar da presidente Dilma.
"Somos um partido que aposta na democracia e no diálogo, porque quem governa tem que saber decidir, mas não pode ser nunca o dono da verdade", disse o possível candidato socialista.
Já no fim do programa, o governador pernambucano afirmou que é preciso enfrentar os debates sem transformar tudo numa questão eleitoral e que não é hora de montar palanques, mas dá a última estocada.
"Para avançar não temos outra escolha, é preciso contrariar os interesses da velha política que estão instalados na máquina pública", afirmou.
"Cargo público tem que ser ocupado por quem tem capacidade, mérito, sobretudo espírito de liderança. E não por um incompetente que é nomeado só porque tem um padrinho político forte", arrematou.
26 de abril de 2013
Reuters
Por Jeferson Ribeiro
O Globo
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