"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sexta-feira, 26 de abril de 2013

NA TV, EDUARDO CAMPOS ADOTA TOM MAIS CRÍTICO E APONTA FALHAS DO GOVERNO

 

BRASÍLIA, 25 Abr (Reuters) - O Brasil avançou, mas deixou de fazer mudanças fundamentais e corre o risco de regredir, caso não faça novos avanços, disse o presidente do PSB e governador de Pernambuco, Eduardo Campos, nesta quinta-feira durante programa partidário.

Campos e o PSB, aliados históricos do PT, têm articulado nos últimos meses uma possível candidatura à Presidência em 2014, que quebraria a aliança. Desde o início do ano o governador e os socialistas fazem críticas sistemáticas à gestão da presidente Dilma Rousseff.

Até setembro, segundo membros do partido ouvidos pela Reuters, será possível avaliar o resultado dessas articulações, que, se forem bem-sucedidas, podem inclusive determinar a saída do PSB do governo para que o partido possa adotar um discurso de oposição.

"Avançamos, mas deixamos de fazer mudanças fundamentais, temos um Estado antigo que ainda traz as marcas do atraso e do elitismo. Um Estado que pouco tem avançado como provedor de serviços de qualidade e como agente de desenvolvimento", disse Campos durante o programa exibido na noite desta quinta-feira na TV e no rádio ao qual a Reuters teve acesso mais cedo.

Logo após esse comentário inicial de Campos, um locutor pontuou novas críticas ao atual governo.
"Nós somos o país do pré-sal, mas gastamos 3 bilhões (de dólares) por ano para importar gasolina", disse. "Somos um dos maiores produtores de alimentos do mundo, mas falta infraestrutura para estocar e transportar nossa produção", continuou o locutor.

"Temos a matriz energética mais limpa do planeta, mas gastamos 400 milhões (de reais) por mês para manter termelétricas poluidoras", afirmou.

Em seguida, Campos voltou a fazer mais críticas, dessa vez veladas, ao estilo de governar da presidente Dilma.

"Somos um partido que aposta na democracia e no diálogo, porque quem governa tem que saber decidir, mas não pode ser nunca o dono da verdade", disse o possível candidato socialista.

Já no fim do programa, o governador pernambucano afirmou que é preciso enfrentar os debates sem transformar tudo numa questão eleitoral e que não é hora de montar palanques, mas dá a última estocada.

"Para avançar não temos outra escolha, é preciso contrariar os interesses da velha política que estão instalados na máquina pública", afirmou.

"Cargo público tem que ser ocupado por quem tem capacidade, mérito, sobretudo espírito de liderança. E não por um incompetente que é nomeado só porque tem um padrinho político forte", arrematou.

26 de abril de 2013
Reuters
Por Jeferson Ribeiro
O Globo

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