LULA E OS BEBÊS DE ROSEMARY

O publicitário Marcos Valério – considerado o principal operador do mensalão – decidiu, mais uma vez, abrir as comportas e contar o que existe de sórdido nos estertores do maior escândalo de corrupção da República brasileira. A matéria consta da edição de 11 de dezembro do jornal O Estado de São Paulo.

Em depoimento ao Ministério Público Federal, Valério traz o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para o olho do furacão.

 

Caso se comprovem as informações prestadas pelo publicitário à procuradoria da República, Lula ficará à deriva.

 

Não bastassem as condenações de amigos próximos, envolvidos em maracutaias de grande monta, quando se trata de assalto aos cofres do erário; não bastassem as traficâncias da sua amiga íntima, madame Rosemary Noronha, que na qualidade de chefe de gabinete da presidência em São Paulo, se uniu a uma quadrilha de malfeitores; Lula se vê às voltas com insinuações do operador do mensalão, de que participou de reuniões em palácio sobre os empréstimos fajutos com banqueiros espertalhões.

Empréstimos esses que abasteceram as arcas do PT e dos demais partidos da base aliada que se venderam, em troca de votações no Congresso Nacional, aos interesses do governo federal.

Antes que se leve o assunto adiante, qualquer coisa que venha de Marcos Valério deve ser vista com certa cautela, considerando os anos que ficará atrás das grades. Tem mais: o ônus da prova cabe a quem alega.

Fato da maior gravidade diz respeito às ameaças de morte que recebeu – segundo o próprio publicitário – do doador universal Paulo Okamoto, petista histórico que costuma se apresentar, desde sempre, como tesoureiro no paralelo do ex-presidente Lula.

Okamoto é aquele amigão do peito que salva Lula de situações atípicas que envolvem despesas nada ortodoxas.
A situação jurídica de Marcos Valério não é nada confortável, mas ao envolver o ex-presidente com o esquema ilegal de compra de votos e de que recebeu dinheiro para consumo doméstico é querer produzir uma bomba de efeito arrasa quarteirão. Novamente entra em cena o “aloprado” Freud Godoy, um bedel de luxo que fazia tudo o que o chefe mandava, cuja conta bancária serviu, nas palavras do operador, de entreposto para as despesas pessoais de Lula.

Godoy nega que exista algum fundamento nas denúncias de Marcos Valério.
O presidente nacional do PT, Rui Falcão, um ex-jornalista que posa de valente e que serviu à Editora Abril, como editor da revista Exame, época em quem defendia com unhas e dentes o sistema capitalista e a liberdade de expressão da mídia em geral, nega que o seu partido tenha abastecido o caixa do advogado Marcelo Leonardo, patrono da causa do publicitário.

Já o advogado de Valério não nega, tampouco confirma, que seus honorários estejam sendo pagos pelo PT. A OAB irá investigar o penalista mineiro.

Lula, em viagem pelo continente europeu, monitora de longe a movimentação da sua “namorada” Rose Noronha para que não abra o bico sobre aqueles tais vícios de alcova.

Os partidos de oposição garantiram ao ex-presidente que não entrarão em assuntos que comprometam a sua privacidade, por entender que isso passa ao largo da esfera pública. Beleza. Mas cedo ou tarde, Lula vai voltar ao país e terá que dar explicações sobre os últimos acontecimentos que o colocam no centro das denúncias de Marcos Valério e entre os lençóis de Rose.
Pessoas ligadas a presidente Dilma Rousseff não refutam a tese de que a sujeira pode respingar no seu governo e, lamentavelmente, em tempos de inflação alta e produção em baixa é nitroglicerina pura.

12 de dezembro de 2012
Nilson Borges Filho