Publicado
em 26 de agosto, o post
reproduzido na seção Vale
Reprise advertiu
que a mais explosiva caixa preta do Brasil poderia tornar ainda mais sombrio o
horizonte dos passageiros do mensalão.
“Marcos
Valério ameaçou abrir o bico caso ficasse sozinho no barco a caminho do
naufrágio”, alertou o
título. Os dois parágrafos finais evocaram os sinais de
perigo:
“Depois
da primeira prisão preventiva, Marcos Valério avisou mais de uma vez que (…)
afundaria atirando ─
e tinha balas na agulha tanto para mensaleiros juramentados quanto para Lula.
Nesta semana, com um recado em código, o advogado Marcelo Leonardo valeu-se de
uma linguagem codificada para reiterar as ameaças do cliente: ‘Quero ver o que o
tribunal vai decidir sobre os políticos’, disse Leonardo depois da condenação de
Valério pelas maracutaias envolvendo o Banco do Brasil.
Tomara
que Valério reaja ao risco do naufrágio solitário com o cumprimento da promessa.
Tomara que conte tudo, do mensalão mineiro à roubalheira imensa descoberta em
2005.
Tomara que não poupe nenhuma das figuras com as quais contracenou, de
Eduardo Azeredo a José Dirceu, de Clésio Andrade a Lula.
O tumor da corrupção
impune assumiu dimensões tão perturbadoras que talvez só possa ser lancetado por
um quadrilheiro de grosso calibre. Alguém como Marcos
Valério”.
O
depoimento à Procuradoria-Geral da República, parcialmente divulgado pelo Estadão desta
segunda-feira, comprova que Valério começou a cumprir a promessa. E deixou claro
que o volume de segredos armazenados na memória não cabe numa caixa preta
convencional: exige um baú.
Pelo histórico do operador do mensalão, é provável
que o depoimento tenha misturado muitos fatos com alguma fantasia. Não será
difícil separar o real do imaginário: Para separar o real do imaginário, basta
que o Ministério Público e a polícia cumpram seu dever ─
e investiguem com isenção e coragem o que Valério
contou.
Previsivelmente,
a seita lulopetista já decidiu que é tudo mentira e faz o que pode para
desqualificar o velho parceiro. “Não se pode confiar numa pessoa dessas”,
recitou Rui Falcão, presidente do PT.
Não explicou quando e por quais motivos
ocorreu a quebra de confiança que foi incondicional entre 2002 e meados de 2005.
Até a descoberta do esquema do mensalão, nenhum dirigente do partido ousou
duvidar do publicitário mineiro.
Autorizado
pelo PT, o bandido amigo movimentou malas de dinheiro e contas bancárias,
rubricou e assinou empréstimos de bom tamanho, distribuiu propinas e abriu
contas em paraísos fiscais ─
uma das quais se prestou ao acerto financeiro com o marqueteiro do rei, Duda
Mendonça.
Decerto não foi a condenação imposta pelo Supremo Tribunal Federal que
transformou Valério “numa pessoa dessas”.
Ele
não é mais bandido que José Dirceu, José Genoíno, Delúbio Soares e outras
obscenidades que continuam a merecer da seita lulopetista, mais que confiança,
um respeito reverencial. Enquanto permaneceu de boca fechada, Valério pareceu
muito confiável aos olhos dos figurões da seita lulopetista. Perdeu a
credibilidade quando começou a falar.
O
PT tem muito apreço por bandidos mudos. A Justiça deve dar tratamento
preferencial aos que falam. A delação premiada existe para encorpar a voz dos
que sabem muito. Em matéria de quadrilhas protegidas por governantes
brasileiros, ninguém sabe mais que Marcos Valério.
12 de dezembro de 2012
Augusto Nunes
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