"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

TRAGICÔMICO PERSONAGEM A PROCURA DE UM FIM INGLÓRIO

Drama mensaleiro: petista chorou muitas vezes e pensou em se matar.
Em alguns momentos quando ficou claro que seria condenado no julgamento do mensalão, o deputado federal João Paulo Cunha (PT-SP) pensou em cometer suicídio.
"Todo mundo pensa como saída a morte", diz ele. "Chorei muitas vezes", relata o petista, que diz não considerar justa a pena que recebeu de nove anos e quatro meses de prisão.
Pretende recorrer para não ir preso e manter o mandato na Câmara. Não renunciará.
 
João Paulo recebeu a Folha e o UOL ontem em sua casa, em Osasco, na Grande São Paulo. Concedeu sua primeira entrevista formal depois de ter sido condenado pelo Supremo Tribunal Federal. Apesar do momento de angústia, o petista de 54 anos não demonstra desânimo agora. Diz estar confiante sobre alguma redução da pena na fase dos recursos do processo - algo improvável. Fez duras críticas ao STF. Uma delas, contra Joaquim Barbosa, presidente da Corte:
 
"O ministro Joaquim Barbosa, no meu caso, não é que ele não teve prova. Eu produzi prova que me absolvia. E ele foi contra as provas. A ponto de, nos últimos dias, não só ter ido contra as provas, como tem sido irresponsável. De ter dito coisas, que não estão nos autos, da sua boca. O juiz não pode dizer quando não tem prova".
Informado da declaração de Cunha, Joaquim Barbosa preferiu não se manifestar.
 
Meticuloso, João Paulo diz ter cronometrado os minutos que reportagens da TV Globo dedicaram ao caso do mensalão. Pelas suas contas, em agosto, foram cinco horas. "Só no meu caso, uma hora e 15 minutos. Não há juiz que resista à uma pressão dessa."
 
A mídia, segundo o ex-presidente da Câmara no biênio 2003-04, não se contentaria em ver alguns petistas condenados. "Querem é que o PT sangre mais. O que eles querem é chegar na liderança máxima do PT, que é o Lula".
João Paulo também foi multado em R$ 370 mil. Seu patrimônio declarado à Justiça eleitoral é de R$ 376 mil. Vive na mesma casa, em Osasco, há 21 anos.
No momento, está lendo o romance "Barba ensopada de sangue", de Daniel Galera.
(Folha de São Paulo)
 
12 de dezembro de 2012
in coroneLeaks

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