A busca por
fontes de financiamentos para investir no sistema educacional parece ser uma das
grandes metas do governo, provocando discussões fervorosas entre os governadores
de vários estados produtores de petróleo, que perderão parte dos royalties para
as demais federações. A justificativa do Planalto é a distribuição de renda,
utilizando a educação para facilitar seus objetivos.
A busca pelo
ensino superior é significativa no País, mas a maior parte dos estudantes
acabam, por razões diversas, não tendo acesso ou, quando tem, encontram
dificuldades financeiras para se manter na universidade.
O ProUni, assim
como o Fies, estão vinculados ao Plano de Desenvolvimento da Educação - PDE,
onde os benefícios para bolsas parciais e integrais estão vinculados a renda per
capita família de até três salários mínimos. O sistema conta ainda com outros
mecanismos de financiamento para estimular o estudante a completar o seu ciclo
educacional, como o Bolsa permanência.
Essas medidas
estão abrindo possibilidades para que instituições privadas de ensino recebam
alunos bolsistas, sem o risco da inadimplência ou de altos níveis de evasão. O
atual cenário do sistema de ensino superior no Brasil está chamando a atenção de
grandes investidores nacionais e estrangeiros, interessados na aquisição de
corporações educacionais no País.
Recentemente,
ocorreram algumas aquisições importantes e que mudaram o perfil educacional
brasileiro no momento que algumas delas tomaram a decisão de abrir seu capital
na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). São exemplos: Anhanguera, Estácio e
Kroton, além de empresas estrangeiras como a Laureate, Devry, Whitney, que estão
em solo brasileiro há algum tempo.
As instituições
investem por aluno, em média, R$ 7 mil, referente à carteira, sem contar a
aquisição de imóveis e descontados os riscos inerentes a passivos em andamentos
e contingenciais. Esse valor poderá variar de acordo com a localidade, a
mensalidade média cobrada, nível de evasão escolar, a reputação da instituição,
entre outros fatores.
Há escolas de
ensino superior que, interessadas em vender seu negócio, inflam o número de
alunos através de estratégias que envolvem convênios e desconto em mensalidade,
mesmo reduzindo o ticket médio do curso, e com o mínimo de investimento
possível.
O grupo americano
Apollo já vem namorando há algum tempo as instituições de ensino brasileiras
como opção de investimento. Uma das possibilidades é a FMU - Faculdades
Metropolitanas Unidas, que atualmente possui 73 mil alunos e tem valor estimado
de venda de aproximadamente R$ 1 bilhão, média de R$ 13,7 mil por aluno, bem
acima do que vem sendo praticado pelo mercado. Outra instituição na mira da
Apollo é a Unisa, que hoje conta com cerca de 28 mil
alunos.
Existem diversas
instituição de ensino enfrentando dificuldades financeiras e com alto grau de
endividamento. Isso pode desestimular em parte os investimentos estrangeiros, em
decorrência de dívidas fiscais e trabalhistas. Em muitos casos há ainda o
passivo oculto, que inviabiliza totalmente o processo de aquisição. Quem investe
quer ter o retorno do recurso em curto espaço de tempo, aliado a perspectiva
futura de um bom negócio, com transparência e com endividamento baixo e
controlável.
14 de fevereiro de 2013
Reginaldo Gonçalves é coordenador do curso de Ciências
Contábeis da Faculdade Santa Marcelina –
FASM.
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