Pedro Taques diz ser "vingança" movimento por saída de Gurgel
O senador Pedro Taques (PDT-MT) usou a tribuna do Senado nesta quarta-feira para classificar como "vingança" e "ameaça" o movimento dos parlamentares aliados do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), de levar adiante um processo pelo impeachment do procurador-geral da República, Roberto Gurgel.
Taques afirmou que irá defender Gurgel daqueles que querem transformar o “acusador em acusado”, o que seria feito em retaliação pelo envio de denúncia contra Renan ao Supremo Tribunal Federal (STF).
— Isto não é digno de uma República, a perseguição, a utilização de cargos como instrumento de vingança, a utilização de cargos importantes como o de senador para perseguir aquele que está exercendo suas atribuições constitucionais — afirmou o senador.
Pedro Taques alegou, ainda na tribuna, tratar-se de uma tentativa de intimidar Gurgel para que não proceda ao envio de denúncia contra parlamentares, como a que o Ministério Público fez a respeito dos “quadrilheiros corruptos”, como se referiu Taques aos condenados no julgamento do mensalão:
— Dizem que onde há fumaça há fogo, mas pode ser gelo seco também, pode ser um instrumento de ameaça, um instrumento para pressionar o procurador-geral da República para que ele não tome as providências devidas em função do exercício de seu cargo (…) Como cidadão, eu estarei nesta Casa velando por aqueles que querem transformar o acusador em acusado. Isso não é republicano.
Taques afirmou que está conversando com colegas senadores para que também pressionem na tribuna contra a ação articulada pelos aliados de Renan.
O senador afirmou que, mesmo a decisão de arquivamento de representações na Mesa sendo do presidente do Senado, os parlamentares devem tentar impedir a concretização do que chamou de "instrumento de vingança".
Taques foi o primeiro parlamentar a se manifestar sobre o assunto e promete voltar a comentá-lo nos próximos dias, com o plenário menos esvaziado.
‘PEC da Impunidade’ serve de ameaça
Aliados de Renan tentarão realizar um processo de impeachment contra Gurgel, levando adiante representações protocoladas na Mesa da Casa contra o chefe do Ministério Público.
Desde que Gurgel enviou denúncia contra o senador alagoano ao Supremo, dias antes de sua eleição como presidente, a cúpula do partido planeja uma retaliação e decidiu pelo não arquivamento das representações, uma praxe na Casa nestes casos.
A expectativa do grupo é que, ainda que não vá adiante o processo contra Gurgel, ele seja exposto e saia pelo menos desgastado.
Nos últimos dias, senadores do grupo mandaram outro recado a membros do Ministério Público, com o alerta de que a vingança pode respingar em toda a instituição.
Ameaçam também com a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 37/2011, que retira poderes de investigação criminal do Ministério Público, um grande temor dos procuradores.
13 de fevereiro de 2013
Júnia Gama - O Globo
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