"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

"RENOVAÇÃO" NA FALA DO PAPA, QUER DIZER "CONSERVAÇÃO"

Ou: “Não o bebê-diabo de Frei Betto”


O papa Bento 16 se reuniu nesta quinta com os sacerdotes da diocese de Roma, como vocês podem ler em texto publicado pela VEJA.com. Aos religiosos, afirmou: “Temos de trabalhar para a realização verdadeira do Concílio [Vaticano II] e para a verdadeira renovação da Igreja”.
Mundo afora, está se noticiando que Bento 16 pediu a “renovação da Igreja”, ligando a fala à sua renúncia e ao futuro da instituição.
 
Cuidado! Há setores da imprensa europeia que cobrem bastante as fofocas sobre o Vaticano, mas que há muito ignoram os embates propriamente teológicos — e estamos falando, afinal de contas, de uma religião.
 
O Concílio Vaticano II teve duas faces. Uma delas se revela principalmente na renovação do rito e no esforço de se aproximar da realidade do povo. Mas também há o lado negativo da mudança.
Os marxistas infiltrados na Igreja, e não são poucos ainda hoje, embora em declínio, tentaram transformar a instituição numa força revolucionária, de transformação social.
 
“Que mal há nisso?”, poderiam indagar alguns. Bem, a Igreja Católica existe para pregar a mensagem de Cristo, não de Karl Marx — que já não se aplica mais nem em Pequim…
 
Para exemplificar de modo que a muitos até pode parecer chulo: o Concílio Vaticano II bem lido estimula um sacerdote a ter uma vida realmente comunitária em sua paróquia; as demandas da comunidade por uma vida melhor e mais digna também podem ser as suas, desde que respeitados os fundamentos do Evangelho. Eis a “verdadeira renovação”.
 
A falsa renovação é, por exemplo, a de Frei Betto, aquele que inventou uma “oração” em que Santa Tereza d’Ávila transa — isto mesmo!!! — com Che Guevara e engravida… A “verdadeira renovação” faz da fé uma experiência vivida. A falsa renovação sonha com o… “bebê-diabo”…
 
Quando Bento 16 fala na “verdadeira renovação”, está, pois, conclamando a que instituição faça o exato contrário do que está sendo noticiado por aí.
No seu vocabulário, isso quer dizer “conservação” dos valores do Evangelho.
 
14 de fevereiro de 2013
Por Reinaldo Azevedo

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