Nada mais falta para a percepção geral do retrocesso em que se mete o país. Sem conseguir transpor as barreiras ao crescimento, e distanciando-se progressivamente das políticas que levaram à estabilização econômica, a conjuntura deteriora-se a olhos vistos.
Era previsível que, sem reformas profundas no Estado, com corte de gastos e recuperação da capacidade de investimento, o modelo de fomento ao consumo via programas sociais e barateamento do crédito
logo chegaria ao esgotamento. Pior:
sem urgentes correções de rumo, até o avanço que levou milhões de brasileiros a migrarem das classes de renda inferiores para patamares superiores está em risco.
Medidas pontuais e de agrado da população — com uma redução de imposto aqui, outra ali —, ajudadas por baixos níveis de desemprego e salários em alta, contribuíram para manter a ilusão de que tudo ia bem.
Não vai. O PIB, soma das riquezas produzidas pela nação, patina.
Com a oferta praticamente estagnada e a demanda apontando para cima, os preços acenderam outro sinal de alerta.
De início, fez-se pouco caso da inflação. Afinal, ela apenas ultrapassava o centro da meta.
Sem combate firme, contudo, já venceu a outra metade do caminho
e extrapolou a margem prevista.
Agora é torcer para que o governo não perca de vez o controle. Por ora, a autoridade monetária aplica a receita clássica:
o aumento da Selic, taxa básica de juros da economia.
Ou seja, com a inflação, outro fantasma de tempos tenebrosos é
desenterrado.
A memória nem precisa ir longe para o contribuinte acordar para mais esse torniquete, pois o alívio só passou a ser aplicado recentemente, em julho de 2011, com cortes sucessivos, que baixaram o índice ao menor patamar da série histórica, iniciada em 1986: 7,25%.
A queda até obrigou o governo a mudar as regras da caderneta de poupança, para permitir mais cortes. Contudo, a curva ascendente está de volta, os juros já bateram em 8,25% e o mercado futuro projeta 9% ao ano em suas operações de crédito.
Nesse contexto, agravado pela espectro extra da desvalorização do real frente ao dólar, a desconfiança generaliza-se.
De 61,7 pontos percentuais no início do governo Dilma, o índice que mede a confiança dos empresários caiu para 57,9.
A popularidade da presidente despencou ainda mais:
de 65% para 57%, conforme pesquisa, divulgada sábado pelo Datafolha.
Não bastasse, a agência internacional de classificação de risco Standard & Poor"s (S&P) mudou a perspectiva da dívida brasileira soberana de longo prazo em moeda estrangeira de estável para negativa.
O risco é de que o país perca o grau de investimento, espécie de garantia de porto seguro para o capital.
Tanta coisa fora de lugar torna forçoso reconhecer que a casa está desarrumada. Não é para menos:
são 39 cômodos — ou ministérios, considerando-se na conta as secretarias com tal status.
O alto custo de manutenção fez a economia para o pagamento de juros da dívida pública, o superavit primário, encolher de 4,33% do PIB no primeiro quadrimestre de 2012 para 2,70% no mesmo período deste ano; já a dívida bruta foi de 58,7% para 59,2%.
O deficit externo, entre janeiro e abril, passou de US$ 17,4 bilhões para US$ 33,1 bilhões. Com a crise internacional, nem a balança comercial ajuda.
Pelo contrário: está negativa em US$ 5,391 bilhões. A hora é de choque de gestão.Correio Braziliense
Era previsível que, sem reformas profundas no Estado, com corte de gastos e recuperação da capacidade de investimento, o modelo de fomento ao consumo via programas sociais e barateamento do crédito
logo chegaria ao esgotamento. Pior:
sem urgentes correções de rumo, até o avanço que levou milhões de brasileiros a migrarem das classes de renda inferiores para patamares superiores está em risco.
Medidas pontuais e de agrado da população — com uma redução de imposto aqui, outra ali —, ajudadas por baixos níveis de desemprego e salários em alta, contribuíram para manter a ilusão de que tudo ia bem.
Não vai. O PIB, soma das riquezas produzidas pela nação, patina.
Com a oferta praticamente estagnada e a demanda apontando para cima, os preços acenderam outro sinal de alerta.
De início, fez-se pouco caso da inflação. Afinal, ela apenas ultrapassava o centro da meta.
Sem combate firme, contudo, já venceu a outra metade do caminho
e extrapolou a margem prevista.
Agora é torcer para que o governo não perca de vez o controle. Por ora, a autoridade monetária aplica a receita clássica:
o aumento da Selic, taxa básica de juros da economia.
Ou seja, com a inflação, outro fantasma de tempos tenebrosos é
desenterrado.
A memória nem precisa ir longe para o contribuinte acordar para mais esse torniquete, pois o alívio só passou a ser aplicado recentemente, em julho de 2011, com cortes sucessivos, que baixaram o índice ao menor patamar da série histórica, iniciada em 1986: 7,25%.
A queda até obrigou o governo a mudar as regras da caderneta de poupança, para permitir mais cortes. Contudo, a curva ascendente está de volta, os juros já bateram em 8,25% e o mercado futuro projeta 9% ao ano em suas operações de crédito.
Nesse contexto, agravado pela espectro extra da desvalorização do real frente ao dólar, a desconfiança generaliza-se.
De 61,7 pontos percentuais no início do governo Dilma, o índice que mede a confiança dos empresários caiu para 57,9.
A popularidade da presidente despencou ainda mais:
de 65% para 57%, conforme pesquisa, divulgada sábado pelo Datafolha.
Não bastasse, a agência internacional de classificação de risco Standard & Poor"s (S&P) mudou a perspectiva da dívida brasileira soberana de longo prazo em moeda estrangeira de estável para negativa.
O risco é de que o país perca o grau de investimento, espécie de garantia de porto seguro para o capital.
Tanta coisa fora de lugar torna forçoso reconhecer que a casa está desarrumada. Não é para menos:
são 39 cômodos — ou ministérios, considerando-se na conta as secretarias com tal status.
O alto custo de manutenção fez a economia para o pagamento de juros da dívida pública, o superavit primário, encolher de 4,33% do PIB no primeiro quadrimestre de 2012 para 2,70% no mesmo período deste ano; já a dívida bruta foi de 58,7% para 59,2%.
O deficit externo, entre janeiro e abril, passou de US$ 17,4 bilhões para US$ 33,1 bilhões. Com a crise internacional, nem a balança comercial ajuda.
Pelo contrário: está negativa em US$ 5,391 bilhões. A hora é de choque de gestão.Correio Braziliense
11 de junho de 2013
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