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Julian Assange, do Wikileaks, sugere a Edward Snowden que busque refúgio na América Latina
NOVA YORK - O governo russo cogita examinar um possível pedido de asilo político do americano Edward Snowden, que revelou o programa secreto de vigilância eletrônica nos Estados Unidos. Snowden, um ex-técnico da CIA, de 29 anos, está desaparecido desde que deixou seu hotel em Hong Kong na segunda-feira e corre o risco de ser extraditado. Enquanto o futuro do americano continua uma incógnita e novas revelações sobre os programas de espionagem do governo dos Estados Unidos podem vir à tona, o fundador do Wikileaks, Julian Assange, sugeriu que Snowden busque a América Latina para se refugiar.
- Nos últimos 10 anos, a América Latina está avançado no que diz respeito aos direitos humanos e tem uma longa tradição de asilo - afirmou à CNN Julian Assange, que se refugiou na Embaixada do Equador em Londres para evitar a extradição para a Suécia.
Após o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, ter dito ao jornal “Kommersant” que o governo poderia analisar uma suposta solicitação de Snowden, parlamentares russos logo se manifestaram a favor da ideia, postura que lembra o sentimento antiamericano no período da Guerra Fria e é muitas vezes incentivado pelo presidente Vladimir Putin. A declaração do porta-voz foi vista por analistas como uma tentativa da Rússia de passar uma boa imagem para os críticos do Ocidente.
O presidente da Comissão das Relações Exteriores da Duma (câmara baixa do Parlamento russo), Alexei Pushkov, disse que tal decisão provocaria “histeria” nos Estados Unidos.
“Ao prometer asilo a Snowden, Moscou se compromete a defender as pessoas perseguidas por motivos políticos. Isto provocará histeria nos Estados Unidos. Eles acreditam que são os únicos que têm este direito”, escreveu no Twitter.
E continuou: “Ouvindo telefonemas e monitorando a internet, os serviços especiais dos EUA quebraram as leis de seu país. Neste caso, Snowden, como Assange, é um ativista dos direitos humanos”.
Snowden se revelou no domingo o autor dos vazamentos para os jornais “The Guardian“ e “The Washington Post”, sobre os detalhes de programas de espionagem conduzidos pela Agência de Segurança Nacional (NSA), com os quais os Estados Unidos obtêm dados telefônicos e acesso a informações de internet de milhões de americanos e estrangeiros.
Glenn Greenwald, o jornalista do “Guardian” que divulgou os programas com base nos dados obtidos por Snowden, afirmou nesta terça-feira que haverá novas revelações importantes. Greenwald, que mora no Rio desde 2005, disse à Associated Press que está decidindo quando publicará a próxima reportagem.
- Nas próximas semanas e meses, teremos revelações ainda mais importantes - afirmou Greenwald. - Há dezenas de histórias criadas pelos documentos que ele (Snowden) nos entregou e pretendemos averiguar cada uma delas.
O diretor de Inteligência Nacional, James Clapper, pediu ao Departamento de Justiça para iniciar uma investigação, enquanto vários republicanos dos EUA pediram a extradição Snowden.
Assange, que teme que sua extradição para a Suécia seja uma desculpa para ser deportado para os Estados Unidos para ser processado pelo Wikileaks, chamou Snowden de um “jovem herói”.
11 de junho de 2013
O Globo cm agências internacionais
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