"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



terça-feira, 11 de junho de 2013

RISCO BRASIL SOBRE 25% EM UM MÊS E É O MAIOR EM UM ANO. É GRAVE A CRISE DE DILMA.



Índice que mede a desconfiança dos investidores com o País voltou à casa dos 200 pontos-base  
 
LONDRES - O aumento da desconfiança internacional com o Brasil começa a aparecer nos números. Diante do desconforto com a economia nacional, que culminou na recente piora da perspectiva da avaliação brasileira, o risco país passou a crescer rapidamente nas últimas semanas. Levantamento feito pelo Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, mostra que o índice que mede a desconfiança internacional com o Brasil voltou à casa dos 200 pontos-base e está no maior patamar desde junho de 2012.
 
Calculado pelo banco JP Morgan, o índice Embi+ mostra a diferença de rentabilidade entre os papéis da dívida de um país na comparação com os Estados Unidos. Quanto pior a desconfiança dos investidores com um emissor, maior será o juro exigido para emprestar e, por isso, mais elevado será o risco país.
 
No caso brasileiro, o indicador está em clara tendência de alta. Passou de 173 pontos-base em 30 de abril para 202 em 31 de maio, 210 em 6 de junho (data do anúncio da mudança de perspectiva pela Standard & Poor’s) e 218 na sexta-feira. Esse é o maior patamar desde 28 de junho de 2012, quando o índice fechou o dia aos 219 pontos.
 
Apenas na quinta-feira, o risco Brasil subiu 2,4%. No acumulado da semana passada, a alta é de 8% e a subida alcança 25% no acumulado de 30 dias. Em pouco mais de seis meses de 2013, a alta atinge 47%.
 
O movimento de piora do risco país não é exclusividade brasileira. Outros emergentes têm movimento idêntico. No acumulado de 30 dias até a quinta-feira, o risco subiu 45% para a Colômbia, 35% para o Peru, 31% para a África do Sul, 26% para o México e 19% para a Rússia.
 
Economistas dizem que a principal razão para esse movimento é global e está relacionado à perspectiva de mudança da política monetária dos EUA. Após anos de dinheiro fácil e juros baixíssimos, a abundância de dinheiro ao redor do planeta fez com que as taxas caíssem nos principais mercados internacionais - isso ajudou na tendência de queda do risco país pelo planeta nos últimos anos.
 
Dinheiro barato. Com a recuperação da economia americana, a oferta de dinheiro barato tende a diminuir, o que já parece influenciar a oferta de financiamento aos emergentes. Nas últimas semanas, foi observada migração de recursos que estavam alocados em vários países em direção aos EUA. Nesse movimento, a venda de papéis em mercados como os emergentes reduz o preço de papéis desses mercados e, consequentemente, aumenta o juro pago nessa dívida.
 
Por outro lado, a busca pelos EUA aumenta o preço de ativos naquele mercado e, no caso da renda fixa, reduz o juro. Ou seja, a diferença entre a rentabilidade paga pelos EUA e os demais países cresceu na esteira da migração de capitais.
 
"Para muitos participantes do mercado, a principal vítima de uma reversão da liquidez global serão os mercados emergentes", dizem os analistas do Morgan Stanley Research. Quem também observa o mesmo fenômeno é o economista do Deutsche Bank, Jim Reid.
 
"No mercado de dívida, os CDS (seguro contra calote) de países asiáticos estão subindo com o enfraquecimento dos bônus e a continuidade da busca por moeda forte", diz, ao comentar que os EUA têm sido o destino preferencial desses recursos.

11 de junho de 2013
Fernando Nakagawa, de O Estado de S. Paulo

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