"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



terça-feira, 11 de junho de 2013

"NÃO RECONHEÇO A AUTORIDADE DE AFIF"

 


Secretário de Energia do governo de São Paulo, o tucano José Aníbal pediu licença do cargo até quinta-feira. Em entrevista ao blog, ele disse que fez isso porque considera “imoral” a interinidade de Guilherme Afif Domingos (PSD). “Que autoridade vou reconheceu nele como governador de São Paulo, sendo ministro do governo Dilma? Não reconheço!” Vai abaixo a entrevista:
— Por que pediu licença do cargo de secretário de Energia de São Paulo? Pedi licença por achar que esse cidadão perdeu uma grande oportunidade de contribuir para a evolução dos usos e costumes da política. A questão não é jurídica. É um problema político. Acho essa interinidade dele imoral.
 
— Guilherme Afif diz que a lei o ampara. Em artigo, o líder do PSDB no Senado, Aloysio Nunes, endossou esse ponto de vista. Os argumentos não o sensibilizam? Insisto: essa não é uma questão jurídica. Por mais que o Aloysio seja contundente na defesa da posição do Afif, isso não me impede de constatar que estamos diante de uma imoralidade. Não estou falando em cassação. Estou dizendo que o gesto do Afif é imoral. Acho que ele está rindo de nós.
 
— Acha que, ao assumir o ministério oferecido por Dilma Rousseff, ele deveria ter renunciado ao mandato de vice-governador? Não. Acho que ele poderia até manter o mandato. Mas deveria ter a compostura de deixar muito claramente o seguinte: ‘enquanto durar minha permanência no ministério, eu me sinto impedido de assumir o governo de São Paulo’.
 
— Eleito vice pelo DEM, na chapa de um governador do PSDB, Guilherme Afif mudou-se para o PSD. Depois, assumiu um ministério na gestão petista. Agora, é interino de um governador tucano. Esse vaivém sinaliza o quê? Isso tudo sinaliza para o eleitorado que, para alguns, vale tudo na política. Sinaliza que os políticos só se preocupam com eles mesmos, que estão pouco se lixando para o eleitor. Pior do que isso: é como se estivéssemos, cinicamente, desdenhando do eleitor. Eu não poderia me omitir numa situação como essa.
 
— Acha que não conseguiria despachar com o governador interino? Imagina! Que autoridade vou reconheceu nele como governador de São Paulo, sendo ministro do governo Dilma? Não reconheço!
 
— Retornará ao cargo na quinta-feira, com a volta de Geraldo Alckmin de Paris? Sim, volto na quinta-feira.

11 de junho de 2013
Josias de Souza - UOL

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