Há uma semana, o assunto em Brasília era o desgaste na popularidade presidencial. Agora, os telejornais estão cheios de imagens com mapas do mundo indicando o Brasil como alvo da bisbilhotice norte-americana. De vez em quando aparece um ministro ou a presidente dizendo que as ações dos EUA são inaceitáveis e que a ONU será acionada.
Melhor, impossível. É um clima similar ao da época em que tudo no Brasil era culpa do FMI. Como era bom ter um inimigo externo e terceirizar os problemas. No caso do monitoramento, pouco se fala sobre a fragilidade do sistema brasileiro de defesa cibernética. Ou menos ainda da impossibilidade prática de haver privacidade absoluta nesta era digital.
O fato é que até essa ajuda midiática inesperada está sendo insuficiente para oxigenar o governo Dilma Rousseff. A presidente continua coletando fracassos em série.
Dilma sugeriu uma constituinte exclusiva. A ideia foi demolida em menos de 24 horas. Ontem, o Congresso enterrou o plebiscito para fazer uma reforma política.
A nova polêmica é a importação de médicos e as mudanças nos cursos de medicina. Pelo menos parte desse plano poderia ter sido apresentado por meio de projeto de lei, mas o Planalto preferiu incluir tudo numa medida provisória. Sofrerá nas mãos de deputados e de senadores.
Dilma decidiu que precisaria agir e comprar algumas brigas. Primeiro, escolheu como alvo o Congresso. Agora, a corporação dos médicos. Antes, já enfrentava a má vontade de empresários e dos indignados nas ruas. Só não está claro até o momento quem serão os aliados da presidente em tantas batalhas.
10 de julho de 2013
Fernando Rodrigues, Folha de São Paulo
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