Um detalhe importante: há anos atrás, vozes jovens como a do narrador gritavam Fora, Collor!, lembram?
Agora gritam Fora, PeTralhas!
O que aconteceu?
Simples:
1. Os jovens não são imbecis. Eles pensam. Foram vacinados contra a lavagem cerebral doutrinária no campus pela constatação prática da vida real. Utopias teóricas não resistem à prática da incompetência, da falta de ética, da ganância, da mentira, da falsidade e da roubalheira descarada.
2. O utopismo teórico, uma vez no poder, engessou. As mentiras e contradições dentre a prática e a teoria ficaram visíveis. O ideal, agora engessado e a descoberto, revelou-se unicamente como a perpetuação no poder a qualquer custo. Mas o mundo é dinâmico. As novas gerações não têm compromisso com um passado que o mais rasteiro estudo revela ter sido inexistente e tenta sustentar-se com mentiras e glorificação da mediocridade.
3. O gesso teórico, a subestimação, a vulgaridade (melhor dizendo, no popular, a escrotidão) teatral dos dramatis personae (e que atores canastrões!), o primarismo das propostas, a subestimação da inteligência dos jovens, a percepção da distância entre o discurso e a ação, tudo isto leva a um estado de coisas para o qual esse bando de gafanhotos só tem no arsenal as mesmas armas: o falso apelo, as mentiras, a incitação de luta de classes, a instigação do ódio racial, a demagogia barata.
A fila andou, cambada de aproveitadores. E o gênio saiu da garrafa!
E aí, teóricos do paraíso logo ali na próxima esquina, vão deitar falação? Vão arengar com a mesma baboseira ultrapassada dos anos trinta, que vamos comer bosta agora para chegar no futuro radioso do socialismo barato? Ah, qual é! Os relógios não necessitam mais de dar corda!
Renovem de verdade o discurso.
A esquerda, já disse muitas e muitas vezes, é um componente do equilíbrio democrático, mas não é dona dele. Não é a verdade absoluta nem tem o direito de estrangular a possibilidade da alternância no governo.
10 de julho de 2013
João Guilherme Ribeiro é Empresário.
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