"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quarta-feira, 10 de julho de 2013

#VEMPRARUA

As centenas de milhares de pessoas que foram às ruas protestar contra o nosso inferno urbano de cada dia certamente não sabiam que:


* as isenções de impostos para carro e gasolina concedidas pelo governo federal, desde 2003, deixaram de arrecadar R$ 32,5 bilhões que poderiam ter sido aplicados em transporte público (além de entupir ainda mais de carros cidades já completamente saturadas);

* com R$ 32,5 bilhões seria possível construir 150 km de metrô ou 1.500 km de corredores de ônibus;

* para saber o que significam 150 km de metrô, é só comparar a alguns metrôs de excelência: Tóquio (292 km), Seul (286 km), Moscou (269 km), Madri (293 km) e Paris (212 km);

* São Paulo, Santiago do Chile e Cidade do México começaram a construir seus sistemas de metrô na mesma época (e atrasadíssimos!): meados dos anos 1970;




* hoje, 40 anos depois, a rede de metrô da cidade de São Paulo, a maior do Brasil, tem apenas 74,3 km; a de Santiago do Chile, com metade da população de SP, tem 103 km; e a da Cidade do México, 202 km;

* reiterando: as isenções de impostos para carros e combustíveis, nos últimos dez anos, teriam construído 150 km de metrô, o dobro do que tem SP e quase o quádruplo do que tem o Rio, com apenas 40,9 km de metrô.

(Da série: Por que trabalhamos cinco meses por ano só pra pagar impostos e os serviços públicos que temos em troca são um lixo)

10 de julho de 2013
Ana Pacheco

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