A votação da medida provisória dos portos demonstrou muito bem que um dos maiores males que o governo petista trouxe para o Brasil foi devolver o poder para as velhas oligarquias e para os agentes do atraso que vinham perdendo força, ano após ano, desde a redemocratização de nosso país.
Muito pior do que isso, a opção do poder a qualquer custo, trouxe a tona uma nova força do atraso, adormecida durante anos, e disfarçada por uma aura de benevolência e justiça social.
A proliferação de sindicatos fantasmas, ávidos apenas em abocanhar uma parcela cada vez mais gorda do imposto sindical, e que pouco se lixam para as reais vontades e necessidades dos trabalhadores que dizem representar; deu um novo gás ao sindicalismo pelego que adora manter privilégios anacrônicos mesmo que para isso toda a nação seja condenada a pagar o preço.
É lógico que o ser humano deve ter direito ao trabalho e proteger empregos deve sempre ser o foco central de qualquer governo. No entanto, ao longo dos anos, dezenas (se não milhares) de categorias profissionais foram extintas ou drasticamente reduzidas pelos avanços tecnológicos ou por melhorias nos processos produtivos.
É impensável para qualquer pessoa sensata sequer imaginar que se mantenham latrinas públicas nas ruas, desligadas da rede de esgoto, apenas para garantir o emprego dos limpadores de fossa que mergulhavam nesses enormes e fétidos buracos, repletos de dejetos, para recolhê-los com um balde e levá-los até o lixão da cidade, como forma de impedir o transbordamento dessas latrinas. Quem sabe, talvez, possamos abolir toda a forma de trabalho mecanizado com metais, apenas para manter empregados os ferreiros e suas barretas ou bigornas.
Entender que chega uma hora em que a mudança se torna inevitável e estar preparado para ela (ou ao menos disposto) é condição fundamental para que um país avance. Sem essa compreensão, seremos incapazes de preparar nosso povo para o futuro e nos manteremos atrelados a profissões (e a profissionais) defasados em meios produtivos anacrônicos.
Não é possível, por exemplo, em pleno século XXI, pensar em nossos portos operando da mesma forma que faziam desde o século XIX. É necessário terminar com o carregamento manual de navios e programar o funcionamento 24 horas de toda a cadeia portuária. Além disso, investimentos em automação e na redução de custos devem ser o foco de qualquer autoridade que pense minimamente em fazer esse país andar com os próprios pés nos próximos anos.
É claro que a automação e a modernização levarão a redução de mão de obra. Afinal, não serão mais necessários os enormes contingentes humanos para carregar navios durante dias a fio (ou mesmo semanas). As máquinas farão o trabalho mais pesado, de forma mais eficaz e rápida, e um número menor de pessoas se ocupará com essa função tão desgastante.
Mas, em um país sério, isso não significaria necessariamente desemprego em massa.
Com planejamento e boa vontade, muitos dos trabalhadores atuais poderiam ser aproveitados e capacitados a operar as novas máquinas ou a cumprir as funções administrativas e operacionais que surgirão. Também haverá uma ampliação do mercado, com a abertura de mais portos, pelo país e a necessidade de mão de obra será elevada.
Mas, enquanto se debate a volta ao atraso e a manutenção dos padrões operacionais de 200 anos atrás, uma das decisões mais importantes já tomadas pelo Congresso Nacional fica a cargo de dois deputados que se preocupam com tudo, menos com o bem-estar do brasileiro e com o desenvolvimento da nação.
Preocupados apenas com seus próprios interesses Garotinho e Eduardo Cunha lutam pela manutenção do atraso e pela satisfação dos interesses sindicais, meramente embalados pelo populismo medíocre e despreocupado com as reais necessidades da nação.
Um visando recuperar uma projeção política destruída pelas inúmeras falcatruas em que se viu envolvido e o outro na tentativa de assegurar ganhos fisiológicos ao seu partido (o PMDB).
O nível de interesse no futuro de nossa nação e no bem-estar de nosso povo que essa gente tem pode muito bem ser demonstrado pelo ocorrido nessa votação. Enquanto se discutia a proposta mais importante de todo o governo Dilma e a virada decisiva numa das principais causas de nosso atraso, o caos nos portos, a maioria dos deputados apreciava o importantíssimo jogo da Taça Libertadores da América; comendo uma saborosa galinhada regada a muito dinheiro dos contribuintes.
Todo esse descaso reflete o enorme conjunto de forças responsáveis pelo nosso atraso, por nossas mazelas e pela miséria que teima em perseguir nosso povo.
Afinal de contas, muita gente ganha muito com tudo isso. Então, mudar para que?
Pense nisso.
28 de maio de 2013
arthurius maximus
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