Depois do fenômeno Lula, do dínamo Celso Amorim, do crescimento de 7,5% em 2010 e da boa visibilidade internacional, tanto em fóruns ambientais e econômicos quanto em complexas negociações políticas, o Brasil deslizou suavemente de volta ao seu patamar real.
Afora o segundo lugar de Dilma na revista "Forbes" entre as mulheres mais poderosas do planeta e a vitória do embaixador Roberto Azevêdo para a direção-geral da OMC (Organização Mundial do Comércio) --no rastro da inserção mundial da época Lula-Amorim--, o antes queridinho Brasil parece se encaixar de novo como apenas mais uma peça no cenário, não uma peça-chave.
A Alca já estava morta, a Rodada Doha na OMC adormece, o acordo do Mercosul com a União Europeia não anda, os acordos bilaterais foram vetados e até a tão propalada "aliança estratégica" com a França esfarelou. Não bastasse o ex-presidente Sarkozy ter passado a perna em Lula na votação sobre o Irã na ONU, vem agora Hollande votar no candidato mexicano na OMC. Se aliança havia, não há mais. Só ficou a conta da fabricação de submarinos convencionais e um de propulsão nuclear.
Com um "pibinho" de menos de 1% em 2012 e a toda hora sendo reavaliado para baixo em 2013, mais a inflação assanhada, o deficit na balança e o vai e vem nos números da extrema pobreza, a realidade vai corroendo a mística e deve, ou deveria, refletir nas aulas de Dilma nos EUA e na Europa enaltecendo o "desenvolvimento sustentável" brasileiro.
Um dado ainda mais concreto é a união dos pragmáticos México, Chile, Colômbia e Peru na Aliança do Pacífico, provocando um contraponto desconfortável com o ideológico Mercosul, que está sem rumo e, com a mesma mão esquerda, suspendeu o Paraguai e acolheu a Venezuela.
Qual o resultado? Vem aí uma meia-volta, volver, do Brasil para os EUA.
28 de maio de 2013
Eliane Cantanhêde - Folha de São Paulo
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