O fim do Bolsa Família é só o começo
A presidente Dilma Rousseff deve desculpas aos brasileiros atendidos pelo Bolsa Família. Seu governo protagonizou uma lambança que levou desespero a milhares de famílias na semana passada. Ministros seus portaram-se como animadores de auditório ao lançar suspeitas infundadas.
Ou preferirão deixar tudo como está, para, numa próxima ocasião, voltar a usar o Bolsa Família como arma espúria de disputas pelo poder, revelando que, para o PT, a miséria interessa mesmo é como massa de manobra?
A presidente Dilma Rousseff deve desculpas aos brasileiros atendidos pelo Bolsa Família. Seu governo protagonizou uma lambança que levou desespero a milhares de famílias na semana passada. Ministros seus portaram-se como animadores de auditório ao lançar suspeitas infundadas.
O episódio ilustra a leviandade com que a gestão petista trata a miséria no país.
No fim de semana passado, uma onda de boatos desencadeou uma corrida a agências bancárias de 13 estados do país. Eram pessoas que recebem o Bolsa Família e ficaram atemorizadas com a versão de que o programa seria extinto. Quase um milhão delas correram para sacar seus benefícios; em poucas horas, R$ 152 milhões saíram dos caixas eletrônicos.
O governo apressou-se a dizer que ocorrera uma boataria que disseminou o pânico a partir da tarde de sábado.
No fim de semana passado, uma onda de boatos desencadeou uma corrida a agências bancárias de 13 estados do país. Eram pessoas que recebem o Bolsa Família e ficaram atemorizadas com a versão de que o programa seria extinto. Quase um milhão delas correram para sacar seus benefícios; em poucas horas, R$ 152 milhões saíram dos caixas eletrônicos.
O governo apressou-se a dizer que ocorrera uma boataria que disseminou o pânico a partir da tarde de sábado.
Anteontem, porém, soube-se que a lambança começou pela Caixa Econômica Federal. O banco, responsável por fazer o pagamento que hoje beneficia 13,8 milhões de famílias, liberou todos os créditos de uma só vez, contrariando a escala que tradicionalmente é usada para pagar a bolsa.
Até então, a Caixa negara qualquer equívoco na operação. No início da confusão, dissera que, com base em melhorias cadastrais, tivera condições de antecipar os pagamentos - sem explicar, contudo, como fez isso sem consultar ninguém de seu conselho diretor.
Até então, a Caixa negara qualquer equívoco na operação. No início da confusão, dissera que, com base em melhorias cadastrais, tivera condições de antecipar os pagamentos - sem explicar, contudo, como fez isso sem consultar ninguém de seu conselho diretor.
Na verdade, a antecipação foi fruto de uma barbeiragem que a Caixa só admitiu quando foi pega na mentira na última sexta-feira por reportagem da Folha de S.Paulo.
Tudo indica que o crédito, que geralmente se estende ao longo de dez dias, foi feito de forma errônea de uma só vez, numa única data - tanto que, em junho, voltará à sistemática tradicional. Tivesse admitido isso, a Caixa teria esclarecido de onde poderia ter partido toda a confusão que se alastrou com a boataria e o caso poderia estar perto de ser esclarecido.
Tudo indica que o crédito, que geralmente se estende ao longo de dez dias, foi feito de forma errônea de uma só vez, numa única data - tanto que, em junho, voltará à sistemática tradicional. Tivesse admitido isso, a Caixa teria esclarecido de onde poderia ter partido toda a confusão que se alastrou com a boataria e o caso poderia estar perto de ser esclarecido.
Mas o banco optou por mentir e tudo indica que o governo atuou para tentar encobrir a lambança.
Na mesma noite em que a mentira da Caixa veio a público, a Polícia Federal divulgou que os boatos foram disseminados a partir de uma empresa de telemarketing do Rio.
Os dois órgãos se manifestaram oficialmente com uma diferença de 1h13:
Na mesma noite em que a mentira da Caixa veio a público, a Polícia Federal divulgou que os boatos foram disseminados a partir de uma empresa de telemarketing do Rio.
Os dois órgãos se manifestaram oficialmente com uma diferença de 1h13:
a informação originada na PF foi ao ar às 18h37 de sexta-feira na Agência Brasil;
a da Caixa, às 19h50 no site da instituição.
Parece claramente uma ação coordenada.
Se a Polícia Federal identificou de onde podem ter partido os boatos, deve divulgar o quanto antes quem foram os responsáveis por isso. Também precisa informar quem contratou a empresa - afinal, não se espera que equipes de telemarketing saiam por aí divulgando mensagens ao léu...
"[A PF] Não disse o nome da central. Nem do seu proprietário. Não disse quem a contratou. Nem como a central teve acesso aos números de telefones de inscritos no Bolsa Família. Sem acesso aos números de telefones como a central poderia disseminar boatos?", questiona Ricardo Noblat n'O Globo.
Toda a cautela é necessária neste assunto, até porque envolve milhões de brasileiros das mais vulneráveis camadas da nossa população. Cautela, porém, foi tudo o que não se viu até agora entre os petistas, incluindo a presidente Dilma, na condução do caso. O drama dos beneficiários do Bolsa Família foi transformado em contenda eleitoral pelo PT.
Para a presidente, foi algo "desumano" e "criminoso". Para seu ministro da Justiça, uma "manobra orquestrada". Para Luiz Inácio Lula da Silva, coisa de "gente do mal". Para o presidente do partido dos mensaleiros, "terrorismo eleitoral".
a da Caixa, às 19h50 no site da instituição.
Parece claramente uma ação coordenada.
Se a Polícia Federal identificou de onde podem ter partido os boatos, deve divulgar o quanto antes quem foram os responsáveis por isso. Também precisa informar quem contratou a empresa - afinal, não se espera que equipes de telemarketing saiam por aí divulgando mensagens ao léu...
"[A PF] Não disse o nome da central. Nem do seu proprietário. Não disse quem a contratou. Nem como a central teve acesso aos números de telefones de inscritos no Bolsa Família. Sem acesso aos números de telefones como a central poderia disseminar boatos?", questiona Ricardo Noblat n'O Globo.
Toda a cautela é necessária neste assunto, até porque envolve milhões de brasileiros das mais vulneráveis camadas da nossa população. Cautela, porém, foi tudo o que não se viu até agora entre os petistas, incluindo a presidente Dilma, na condução do caso. O drama dos beneficiários do Bolsa Família foi transformado em contenda eleitoral pelo PT.
Para a presidente, foi algo "desumano" e "criminoso". Para seu ministro da Justiça, uma "manobra orquestrada". Para Luiz Inácio Lula da Silva, coisa de "gente do mal". Para o presidente do partido dos mensaleiros, "terrorismo eleitoral".
E para a ministra de Direitos Humanos, sem quaisquer meias palavras, algo gestado na "central de notícias da oposição".
O que estas pessoas têm a dizer agora, quando fica cada vez mais claro que toda a confusão decorreu de um erro, seguido de uma mentira, da Caixa Econômica Federal? Serão capazes de se desculpar?
O que estas pessoas têm a dizer agora, quando fica cada vez mais claro que toda a confusão decorreu de um erro, seguido de uma mentira, da Caixa Econômica Federal? Serão capazes de se desculpar?
Serão capazes de punir os responsáveis?
Ou preferirão deixar tudo como está, para, numa próxima ocasião, voltar a usar o Bolsa Família como arma espúria de disputas pelo poder, revelando que, para o PT, a miséria interessa mesmo é como massa de manobra?
Será este só o começo do que os petistas estão dispostos a fazer para se manter no comando do país?
Fonte: Instituto Teotônio Vilela
O fim do Bolsa Família é só o começo
Fonte: Instituto Teotônio Vilela
O fim do Bolsa Família é só o começo
28 de maio de 2013
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