Certa militante de partido da oposição usa a internet para divulgar “golpe comunista” em 2014. Estudante pernambucano de 19 anos, para ridicularizar o gesto, cria, pelo mesmo meio, a frase “Eu Vou. Golpe Comunista em 2014. Os reacinhas piram!”, ilustrada com a foice e o martelo, e consegue milhares de “apoiadores” para manifestação fictícia marcada para o começo do ano que vem. O banner passa a ser reproduzido em sites de direita e de extrema direita, como se tratasse de ameaça real. Um farmacêutico de 34 anos “reage”, criando página no Facebook, sob o título “Golpe Militar 2014”.
Desta vez, no entanto, não se trata de uma “brincadeira”. Trata-se, sim, segundo ele, de “testar o apoio a um golpe militar no Brasil”, e de defender a tese de que “nenhuma solução virá das urnas”. A página, ilustrada com fotos copiadas de um site oficial do Exército, torna-se desaguadouro de comentários radicais.
O que está ocorrendo com a Nação? Estaríamos, na velocidade da internet, dando inequívoca demonstração de falta de bom senso? Consideramos, como certos meios de comunicação, normal esse tipo de “brincadeira”? Ou os políticos, por ignorância ou omissão, desconhecem o que se passa?
NAVEGANDO NA REDE
Basta navegar pela Rede, para ver que vivemos perigoso processo de radicalização nos extremos do espectro político brasileiro. Quem usar parte de seu tempo pode encontrar dezenas de sites que pregam a quebra da ordem institucional e o fim do Estado de Direito. Há páginas de orientação nazista, integralista, sites anticomunistas católicos, blogs ligados a organizações estrangeiras, sites que afirmam representar segmentos associados à reserva das Forças Armadas, a policiais e bombeiros.
Acusado de pretender o “golpe”, o PT deveria ter tomado providências. Brincadeira ou não, ao ver seu símbolo ligado à mesma idéia, o PCB e o PC do B deveriam ter pedido à justiça a retirada do material do ar, e a proibição de sua reprodução futura.
Tudo isso mostra que é preciso aprovar, com a máxima urgência, legislação clara de proteção à democracia no Brasil. Em um país em que, todos os anos, páginas são retiradas do ar por iniciativa do Ministério Público, e a apologia do tráfico de drogas e ao racismo dá cadeia, o apelo à quebra da ordem constitucional e ao fim do Estado de Direito deve ser investigado e seus autores punidos.
A volta da democracia ao nosso país foi conquista, árdua e sacrificada, de todo o povo brasileiro. À esquerda e à direita, não podemos brincar com fogo. É preciso que se convoquem e se unam os setores mais responsáveis da sociedade – à margem de suas opções políticas e ideológicas – para acabar com essas provocações, antes que se alastrem, como um vírus, contaminando o país e ameaçando a República.
28 de maio de 2013
Mauro Santayana
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