"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quinta-feira, 6 de junho de 2013

MAIS IMPUNIDADE! CÂMARA VOTA EMENDA QUE TIRA PODERES DO MINISTÉRIO PÚBLICO

Câmara marca votação de emenda que tira poderes do MP.  Presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves diz que a PEC 37 será votada no plenário - com ou sem consenso - no próximo dia 26
 

Henrique Alves é eleito o novo presidente da Câmara dos Deputados
Henrique Alves: PEC será votada no dia 26 (Antônio Cruz/Agência Brasil)

Após um mês de discussões, o presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), agendou para o próximo dia 26 a votação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que tira os poderes de investigação do Ministério Público em casos criminais. Segundo Alves, a emenda - batizada por promotores e procuradores de "PEC da Impunidade" - será votada em plenário com ou sem consenso: “Se não chegarem a um entendimento, mesmo assim vamos votar".
 
Nesta quinta-feira, Alves reuniu-se com o grupo de trabalho que analisa o texto da PEC, formado por representantes do Ministério Público, das polícias e parlamentares.
 
O grupo de trabalho apresentou uma minuta complementar ao texto da PEC, enquanto representantes do Ministério Público apresentaram pontos que poderão ser transformados em projeto de lei. Alves fez um apelo para que as partes cheguem a um acordo – o que ainda não aconteceu. “Hoje, me apresentaram uma minuta, que não posso revelar porque ainda estão finalizando, onde 90% estão acordados, faltando 10%”, disse o deputado.
 
Leia também: Querem calar o Ministério Público

 
Alves disse, entretanto, que o poder de investigação do Ministério Público será mantido. Ainda assim, esse é o ponto conflitante das negociações. O texto original da PEC 37 determina que investigações serão exclusividade das polícias, o que limitaria o trabalho dos procuradores e promotores.

 De acordo com o deputado Fábio Trad (PMDB-MS), um dos integrantes do grupo de trabalho, foi sugerido que a Constituição teria de prever que o Ministério Público poderia conduzir investigações em casos extraordinários. “A polícia admite a investigação por parte do MP, mas apenas em caráter excepcional. A tendência é que eles apontem como excepcional casos em que houver inércia da polícia, ineficiência na condução das investigações, risco de perecimento das provas e grave risco de lesão à ordem pública”, afirmou.

 A condição especial para apurar as infrações, porém, não agrada ao MP. “O que está faltando agora é dizer qual é a nossa condição para investigar. A polícia quer que seja nunca. Para nós, o extraordinário vai ser sempre quando for necessário. Como uma cidadã chega na minha porta e eu não vou poder atuar? Não pode ser assim”, afirmou a presidente em exercício do Conselho Nacional dos Membros do Ministério Público (Conamp), Norma Cavalcanti.

O poder de investigação do Ministério Público

 


A ‘máfia do asfalto’, desarticulada em abril de 2013 após uma ação anticorrupção do Ministério Público em doze estados brasileiros, era especializada em desvios nos contratos de pavimentação e recapeamento de asfalto em 78 municípios do noroeste de São Paulo.
Dezenove pessoas foram denunciadas pelo órgão por formação de quadrilha, falsidade ideológica e fraudes em licitações. A Justiça aceitou a denúncia e decretou a prisão de treze envolvidos.

As obras públicas recebiam recursos dos Ministérios do Turismo e Cidades, e o esquema de fraudes era centralizado pela empreiteira Demop, que possui mais de trinta empresas parceiras, muitas delas de fachada e todas pertencentes à família Scamatti. Relatórios da operação mostraram que os acusados tinham tentáculos no meio político, sendo citados em escutas telefônicas deputados federais e estaduais de partidos como o PT e o PSDB.

06 de junho de 2013
Marcela Mattos, Veja

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