A equipe econômica avalia com cautela a perda de atratividade dos papéis emitidos pelo Tesouro Nacional.
Uma fonte graduada explicou ao Correio que a queda no volume de compra e venda desses títulos no chamado mercado secundário, no qual empresas e bancos negociam os ativos entre si, tornou-se uma preocupação a mais para o governo, que precisa financiar com os investidores para cobrir os crescentes rombo no caixa.
Em abril, o total financeiro médio registrado nessas operações encolheu quase R$ 5 bilhões ao dia. Houve recuo nas operações com praticamente todos os papéis ofertados pelo Tesouro, o que mostra um menor apetite dos poupadores para esse tipo de aplicação.
Nas palavras da fonte, quanto menos os investidores ganharem com essas aplicações, maiores serão as cobranças por prêmios mais gordos pagos pelo governo para vender os títulos. Isso se deve ao chamado spread nas operações.
Se o aplicador compra um papel a R$ 100 e o vende por R$ 98, ele provavelmente não aceitará pagar novamente R$ 100 na próxima vez que o Tesouro for ao mercado ofertar aquele título. Vai exigir um extra para cobrir eventuais prejuízos.
Felipe Chad, diretor da corretora DX Investimentos, aconselha aos investidores que comprem os papéis indexados à inflação apenas se o objetivo de retorno for a longo prazo.
O ideal, na visão dele, é não se desfazer dos títulos do Tesouro até o vencimento. "Esses papéis estão pagando inflação mais 3%. É um bom ganho real se considerado o cenário atual. Mas, para obter o resultado, é preciso ficar com os papéis até o fim, não repassá-los no meio do caminho", explicou.
Para ele, se a intenção do investidor for comprar um título do governo por um período curto, de um ano ou dois, é melhor procurar outra opção de investimento para proteger o patrimônio.
O governo já sente as consequências da menor procura por papéis. Em 2012, o prêmio pago pelo Tesouro aos investidores costumava ser de 0,10 ponto percentual acima da remuneração paga pelos contratos de juros futuros.
Neste ano, essa diferença aumentou para 0,15 ponto e há papéis em que o prêmio cehga a 0,20 ponto para evitar um fracasso nos leilões semanais de títulos do Tesouro.
Correio Braziliense
06 de junho de 2013
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