Ela lutava há sete contra uma doença degenerativa
RIO - Lutando há sete anos contra uma doença degenerativa, a jornalista, atriz e escritora Scarlet Moon de Chevalier, de 62 anos, faleceu no início da madrugada desta quarta-feira, no Rio.
Segundo familiares, Scarlet, que sofria da Síndrome de Shy-Drager, estava em casa, não resistiu a uma parada cardiorrespiratória e morreu pouco depois da meia-noite.
O velório aconteceu na manhã desta quarta-feira no Cemitério São João Batista, em Botafogo, Zona Sul. O corpo será cremado nesta quinta, data da publicação da última coluna assinada por ela no caderno Zona Sul do GLOBO.
"Depois de lutar anos pela vida, minha mãe fez sua última viagem agora de madrugada", anunciou a filha Theodora Chevalier.
— Essa é uma doença muito cruel e devastadora. O que eu acho mais bacana é que ela tinha uma vontade de viver muito grande — disse o filho, Christovam de Chevalier. — O que ela já derrubou de previsão médica não está no gibi. Quando surgiu a dificuldade, achamos que ela ia enfraquecer. Mas ela dava a volta por cima. Ela saiu vitoriosa. Nessa luta, ela foi forte.
— Nem lembro quando e onde conheci a Scarlet, mas éramos jovens, em um tempo que as pessoas simplesmente se encontravam. Estávamos abertos para os encontros. — afirmou o escritor Paulo Coelho. — Ela sempre me impressionou pela firmeza das opiniões.
A única coisa que lembro do nosso primeiro encontro foi uma discussão acirradíssima que tivemos, não lembro o motivo. Nós dois defendíamos até a morte nossos pontos de vista. Na hora, lembro de ter pensado:
"Essa garota vai me odiar depois disso". Mas achei uma pena, porque era uma pessoa legal. Dois dias depois, ela me encontrou e pediu: "Não me odeia, Paulo, porque eu gosto de você".
Disse que tinha pensado a mesma coisa. Não viramos amigos íntimos depois, mas ela sempre me trazia coisas boas. Admirava a firmeza das opiniões dela. Também a generosidade. Ela vai fazer muita falta.
Ao longo da carreira, Scarlet Moon trabalhou na TV e em jornais do Rio, além de lançar os livros “Dr. Roni e Mr. Quito” (biografia do irmão falecido, Ronald de Chevalier, personagem popular da cena carioca) e “Areias escaldantes”. Desde 1996 assinava a coluna "Abalo", do caderno Zona Sul do GLOBO.
— Como jornalista, ela foi brilhante, dona de uma grande perspicácia — declarou o artista e arquiteto Gringo Cardia. — Ela é uma das inventoras desse tipo de entrevista mais descontraída com celebridades.
Quando tínhamos um bar chamado "Torre de Babel", em Ipanema, ela fazia um programa chamado "Entrevistando a audiência". Era linda na juventude e sempre representou esse elemento transgressor da cultura carioca. Nas entrevistas, nunca se esquivou de temas polêmicos. Lembro de ela estar sempre agitada, tocando mil projetos ao mesmo tempo.
Durante 28 anos, foi casada com o cantor Lulu Santos, de quem se separou em 2006. Scarlet teve três filhos de relacionamentos anteriores: Gabriela, Christovam e Theodora. Por conta da doença, Scarlet já havia sido internada algumas vezes.
"Ela me encontrou, eu estava por aí num estado emocional tão ruim, me sentindo muito mal, sozinho, perdido, andando de bar em bar", escreveu Lulu Santos, no Twitter, citando um trecho da canção "Tão bem", que escreveu para Scarlet. "Procurando não achar, ela demonstrou tanto prazer de estar em minha companhia que eu experimentei uma sensação que até então não conhecia."
A Síndrome de Shy-Drager é um distúrbio degenerativo caracterizado por danos progressivos ao sistema nervoso autônomo (parte do sistema nervoso que controla as funções involuntárias), tremores musculares, rigidez, movimentos lentos e outras perdas neurológicas generalizadas.
A doença é uma condição degenerativa rara, similar ao mal de Parkinson, porém com danos neurológicos mais generalizados.
Segundo familiares, Scarlet, que sofria da Síndrome de Shy-Drager, estava em casa, não resistiu a uma parada cardiorrespiratória e morreu pouco depois da meia-noite.
O velório aconteceu na manhã desta quarta-feira no Cemitério São João Batista, em Botafogo, Zona Sul. O corpo será cremado nesta quinta, data da publicação da última coluna assinada por ela no caderno Zona Sul do GLOBO.
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- Galeria A vida de Scarlet Moon em fotos
"Depois de lutar anos pela vida, minha mãe fez sua última viagem agora de madrugada", anunciou a filha Theodora Chevalier.
— Essa é uma doença muito cruel e devastadora. O que eu acho mais bacana é que ela tinha uma vontade de viver muito grande — disse o filho, Christovam de Chevalier. — O que ela já derrubou de previsão médica não está no gibi. Quando surgiu a dificuldade, achamos que ela ia enfraquecer. Mas ela dava a volta por cima. Ela saiu vitoriosa. Nessa luta, ela foi forte.
— Nem lembro quando e onde conheci a Scarlet, mas éramos jovens, em um tempo que as pessoas simplesmente se encontravam. Estávamos abertos para os encontros. — afirmou o escritor Paulo Coelho. — Ela sempre me impressionou pela firmeza das opiniões.
A única coisa que lembro do nosso primeiro encontro foi uma discussão acirradíssima que tivemos, não lembro o motivo. Nós dois defendíamos até a morte nossos pontos de vista. Na hora, lembro de ter pensado:
"Essa garota vai me odiar depois disso". Mas achei uma pena, porque era uma pessoa legal. Dois dias depois, ela me encontrou e pediu: "Não me odeia, Paulo, porque eu gosto de você".
Disse que tinha pensado a mesma coisa. Não viramos amigos íntimos depois, mas ela sempre me trazia coisas boas. Admirava a firmeza das opiniões dela. Também a generosidade. Ela vai fazer muita falta.
Ao longo da carreira, Scarlet Moon trabalhou na TV e em jornais do Rio, além de lançar os livros “Dr. Roni e Mr. Quito” (biografia do irmão falecido, Ronald de Chevalier, personagem popular da cena carioca) e “Areias escaldantes”. Desde 1996 assinava a coluna "Abalo", do caderno Zona Sul do GLOBO.
— Como jornalista, ela foi brilhante, dona de uma grande perspicácia — declarou o artista e arquiteto Gringo Cardia. — Ela é uma das inventoras desse tipo de entrevista mais descontraída com celebridades.
Quando tínhamos um bar chamado "Torre de Babel", em Ipanema, ela fazia um programa chamado "Entrevistando a audiência". Era linda na juventude e sempre representou esse elemento transgressor da cultura carioca. Nas entrevistas, nunca se esquivou de temas polêmicos. Lembro de ela estar sempre agitada, tocando mil projetos ao mesmo tempo.
Durante 28 anos, foi casada com o cantor Lulu Santos, de quem se separou em 2006. Scarlet teve três filhos de relacionamentos anteriores: Gabriela, Christovam e Theodora. Por conta da doença, Scarlet já havia sido internada algumas vezes.
"Ela me encontrou, eu estava por aí num estado emocional tão ruim, me sentindo muito mal, sozinho, perdido, andando de bar em bar", escreveu Lulu Santos, no Twitter, citando um trecho da canção "Tão bem", que escreveu para Scarlet. "Procurando não achar, ela demonstrou tanto prazer de estar em minha companhia que eu experimentei uma sensação que até então não conhecia."
A Síndrome de Shy-Drager é um distúrbio degenerativo caracterizado por danos progressivos ao sistema nervoso autônomo (parte do sistema nervoso que controla as funções involuntárias), tremores musculares, rigidez, movimentos lentos e outras perdas neurológicas generalizadas.
A doença é uma condição degenerativa rara, similar ao mal de Parkinson, porém com danos neurológicos mais generalizados.
06 de junho de 2013
O GLOBO
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