"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quinta-feira, 6 de junho de 2013

MENSALÃO DE LULA: BARROSO REJEITA PRESSÃO DO GOVERNO (GANGUE) E DAS RUAS

Novo ministro do STF rejeita pressão no caso do mensalão.  Barroso diz que seu voto não será pautado por governo, imprensa, réus ou população.  Advogado foi sabatinado ontem no Senado e teve a indicação ao Supremo aprovada no plenário por 59 votos contra 6.


Aprovado pelo Senado como o 11º ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), o advogado Luís Roberto Barroso, 55, disse que pretende participar do julgamento do mensalão e que não será pautado por ninguém.
 
O mensalão está em sua fase final e os ministros terão de decidir se aceitam ou não determinados recursos que podem beneficiar os réus.
 
"Eu juro aos senhores que eu não estudei o mensalão, sobretudo as questões que estão em aberto, a questão de lavagem de dinheiro e a questão de crime de quadrilha", afirmou o ministro durante sabatina no Senado.
 
"Eu vou fazer o que eu acho certo, o que o meu coração me disser que é certo. Ninguém me pauta: nem governo, nem imprensa, nem opinião pública, nem acusados."
 
Após uma demora de mais de seis meses, Barroso foi escolhido pela presidente Dilma Rousseff para a vaga deixada por Carlos Ayres Britto.
 
Ontem, ele foi sabatinado por quase sete horas na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado e, à noite, aprovado no plenário por 59 votos a 6. Agora, a presidente Dilma irá nomeá-lo para que ele tome posse.
 
Elogiado por senadores governistas e oposicionistas, Barroso se emocionou e quase chorou. Durante a sabatina, afirmou que o julgamento do mensalão representou um "ponto fora da curva" por que o tribunal teria adotado um posicionamento mais duro no direito penal.
 
Barroso disse que ouviu de três pessoas a possibilidade de ser escolhido: o advogado e ex-deputado do PT Sigmaringa Seixas, o ex-secretário Executivo da Casa Civil Beto Vasconcelos, e o ministro José Eduardo Cardozo (Justiça).
 
Há mais de dez anos, o advogado natural de Vassouras (RJ) entrava nas listas dos cotados ao STF. Enquanto isso não ocorria, no entanto, ele atuou em importantes casos julgados nos últimos anos.
 
Defendeu o italiano Cesare Battisti, que conseguiu ficar no Brasil, apesar do pedido de extradição de seu país de origem, e foi o responsável pelos pedidos que reconheceram a constitucionalidade, por exemplo, de aborto de fetos anencéfalos e da união homoafetiva.
 
Evangélico, o senador Magno Malta (PR-ES) criticou sua indicação por defender temas "contra o que pensam a maioria dos brasileiros". Na sabatina, Barroso fez uma defesa da "tolerância" e do "pensamento plural".
 
Ontem, ao comentar sobre sua visão de direito penal, o advogado disse que defende "penas razoáveis", dando o exemplo da possibilidade de prisão domiciliar no caso de crimes não violentos.
 
Muito questionado sobre o chamado "ativismo judicial", Barroso defendeu que o tribunal deve agir quando houver omissão do Congresso. "Onde há uma decisão política, respeita-se; onde não há uma decisão política é preciso resolver o problema e, mais do que isso, onde haja um direito fundamental e de uma minoria, o Judiciário precisa ser mais diligente."
 
Na sabatina, ele defendeu o poder de investigação do Ministério Público em casos "excepcionais" e já indicou posição sobre dois temas: Lei da Anistia e questão indígena, que, em breve, podem voltar o plenário do Supremo.
 
Sobre o primeiro, lembrou que existe uma decisão do tribunal que validou tal legislação, e uma outra, da Corte Interamericana de Direitos Humanos, condenou o Brasil por não punir torturadores. Para ele, essa divergência deve ser resolvida pelo Congresso.
 
"Quem tem competência política é que deve decidir se a hora é de uma missão de justiça ou se a hora é de uma missão de paz", disse.
 
Sobre os índios, disse que o Supremo não é o melhor lugar para resolver o problema da demarcação.

06 de junho de 2013

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